A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), protocolou um requerimento de acareação nesta terça-feira (8) entre os depoimentos de Leandro Almada da Costa, delegado de Polícia Federal, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal durante o 8 de janeiro de 2023.
Em seu depoimento concedido à CPMI na terça, Anderson Torres afirmou que uma reunião ocorrida no dia 25 de outubro, na Bahia, entre ele e Almada tinham como intuito verificar uma obra de reforma da superintendência da Polícia Federal no estado.
Entretanto, a senadora Eliziane afirmou que em depoimento à PF cedido em duas ocasiões, Almada alegou que o viés da reunião teve como propósito mapear cidades com propensão de voto ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste, bem como desenvolver um cronograma para diluir a presença da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em pontos estratégicos pela região.
Leia também
“Segundo informações obtidas nos depoimentos prestados por autoridades à essa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito e em depoimento prestado na esfera judicial, houve importantes divergências quanto a fatos que guardam relação com essa Comissão”, descreveu a senadora no requerimento.
Segundo Eliziane, Almada colocou de forma clara que não houve apenas uma visita técnica a órgãos da lei em construção da Polícia Federal. “Anderson Torres afirma nesta comissão que isso não é verdade.”
A relatora reforça que o dia 25 de outubro foi importante porque a partir dele houve uma distribuição de militares para a região nordeste brasileira. “Essa reunião foi um dos pontos centrais inclusive da tentativa de impedimento das eleições, quer dizer, houve direcionamento do resultado eleitoral e, depois que saiu o resultado, nós tivemos outras empreitadas que foram ainda mais voltadas para o questionamento do resultado das eleições.”
Responsabilidade
Para a senadora, Anderson Torres, de forma muito clara, demonstrou falhas em relação de quem executava a segurança da Praça dos Três Poderes. A função cabe à Secretaria de Segurança Pública e Torres inclusive chegou a citar que a Polícia Militar não tinha efetivo suficiente para conter os manifestantes bolsonaristas.
“O Brasil acompanhou que a Polícia Militar estava sob a responsabilidade da Secretaria de Segura Pública em que ele atuava como secretário. Ele sai do país na sexta-feira (6/01/23), precisamente, aonde naquele momento, segundo informações da Abin [Agência Brasileira de Inteligência] já havia mais de trinta alertas espalhados por grupos de WhatsApp em que Torres estava incluído. Então, claramente, o depoimento traz a constatação de que ele tem, sim, responsabilidade em relação a esses atos
do dia 8 de janeiro.”
Imagens do ministério da Justiça
Na segunda-feira (7), o ministro Alexandre de Moraes autorizou que o ministro Flávio Dino encaminhe as imagens do ministério da Justiça à comissão. Conforme a senadora, o conteúdo deve chegar nas ainda neste terça ao colegiado.