O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou em reunião da CPI da Covid nesta quinta-feira (15) a nota técnica emitida pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema de Saúde (Conitec) não recomendando o uso dos medicamentos cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina em pacientes hospitalizados por covid-19.
O senador lembrou que o comunicado negou a existência de estudos para uso do chamado “kit covid” no Ministério da Saúde. Para Humberto Costa, a resposta da Conitec contradiz depoimento do ministro, Marcelo Queiroga, que afirmou ter solicitado esse estudo.
“É muito grave porque a Conitec afirma que o ministro Queiroga não fez nenhuma solicitação sobre tratamento. Não há nenhum pedido de solicitação no âmbito da Conitec para análise de incorporação da cloroquina ou hisdroxilcoroquina para tratamento da covid-19. A solicitação que tinha lá era apenas para pacientes hospitalizados e que ainda está em consulta pública embora diversos estudos internacionais já tenham comprovado a absoluta ineficácia desse medicamento contra a covid-19”, disse.
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O senador continuou: “O ministro Queiroga mentiu para essa CPI nos avisando que pediu à Conitec posicionamento sobre a utilização desses medicamentos conforme foi noticiado até ontem. Insistir em alguma recomendação dessa CPI para que seja evitado o uso do kit covid ambulatorialmente até que o Ministério da Saúde se posicione oficialmente. Temos recebido muitas manifestações de preocupações com os efeitos colaterais que possam produzir na população.”
A posição que o Ministério da Saúde tem hoje, seguiu o senador, é de que a cloroquina “não tem efetivamente nenhuma eficácia no tratamento da covid-19 e não há estudos acontecendo no Ministério para avaliar a aplicação ambulatorial ou precoce”.
Na quarta-feira (14) o Congresso em Foco noticiou que o Ministério da Saúde admitiu em documentos enviados à CPI da Covid que medicamentos que compõem o chamado “kit covid“, amplamente defendidos por Jair Bolsonaro, são ineficazes contra o vírus.
“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, diz documento.
Em maio, o Ministério já havia emitido um parecer contraindicando o uso dos medicamentos para pacientes internados com covid, mas o parecer só chegou à CPI essa semana. Duas notas técnicas foram entregues à comissão por um pedido do senador Humberto Costa (PT-PE).
“O crescimento do faturamento das empresas que fabricam esses tipos de medicamentos cresceu, no período de pandemia, mais de R$ 500 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão. O que demonstra que essa coisa, que parecia inocente, de recomendar o uso desses medicamentos, não é tão inocente assim. Na verdade muita gente ganhou muito dinheiro com isso”, finalizou o senador.
> Saúde admite ineficácia de cloroquina e outros medicamentos do “kit covid”
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