Mesmo integrando o bloco de 11 partidos lançado em torno da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), o PT e o PSB ainda enfrentam resistências internas para apoiar o líder emedebista na disputa à presidência da Câmara. As duas legendas reúnem 84 deputados. A falta de consenso entre os petistas ficou explícita na reunião promovida hoje pela bancada. A expectativa era de que o partido declarasse ainda nesta terça (29) o voto em Baleia, mas a decisão acabou adiada para a próxima segunda-feira (4). Até lá as negociações continuarão.
“Na nossa bancada, ainda tem setores que defendem que tenhamos, dentro do bloco, uma candidatura própria do campo da oposição, e outros setores defendem o apoio imediato ao deputado Baleia Rossi”, declarou o líder petista, Enio Verri (PR), ao deixar a reunião. Uma corrente da bancada defende o lançamento de uma candidatura própria. Entre os nomes cotados estão o da deputada Benedita da Silva (RJ) e o do ex-líder Paulo Pimenta (RS).
Já no PSB, a divisão se dá entre os que apoiam Baleia e os que estão alinhados com o líder do Centrão, Arthur Lira (AL), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. O líder da bancada, Alessandro Molon (RJ), disse ao Congresso em Foco que o partido está fechado com Baleia Rossi. “Iremos unificados. Até lá, não tenho dúvida de que viraremos muitos votos, senão todos, para Baleia. Vamos unidos para vencer”, afirmou.
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Não é essa a posição de um grupo de 16 dos 33 deputados do PSB, segundo Felipe Carreras (PE), um dos signatários de uma moção de apoio a Lira divulgada há duas semanas. Carreras afirmou ao Congresso em Foco que nenhum desses parlamentares mudou de ideia e que a decisão de votar no líder do Centrão não é ideológica, mas pragmática. “Consideramos que é bom para a bancada estar com Arthur para ocuparmos espaços estratégicos dentro da Casa e os parlamentares poderem exercer o seu mandato na plenitude”, afirmou.
Segundo ele, Arthur Lira ofereceu espaço na Mesa ou em comissões para o partido em troca de apoio. Para Carreras, dificilmente haverá mudança de posição entre esses deputados que optaram pelo alagoano. “Foi dada a palavra a ele. Para quem está na política a palavra é algo que tem de ser prezado”, declarou. Dois dos apoiadores de Lira não estarão mais na Câmara na eleição para a presidência: JHC (AL) e João H. Campos (PE), que assumirão as prefeituras de Maceió e Recife no início de janeiro. A direção nacional do partido, no entanto, já recomendou o veto à candidatura de Lira, por causa do apoio dado a ele por Bolsonaro.
Uma declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em entrevista publicada na edição desta terça-feira da Folha de S.Paulo deu munição aos petistas que defendem um nome próprio. Maia disse que a aliança em torno de Baleia Rossi faz parte dos planos da centro-direita para a eleição presidencial de 2022. DEM e PSDB também compõem o bloco.
PublicidadePresidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), foi às redes para mostrar que não é esse o propósito do partido ao integrar o grupo. “O PT dialoga para a eleição da Mesa da Câmara porque tem a maior bancada da Casa e responsabilidade com o país. Age para conter danos. Isso não se confunde com 2022. O projeto de país defendido pela esquerda confronta com a frente eleitoral de agenda neoliberal, que esquece do povo”, escreveu a deputada nas redes sociais.
Dentro do PT há resistência a Baleia por causa da proximidade dele com o ex-presidente Michel Temer. Um grupo de deputados alea que é incoerente apoiar o candidato de um partido que foi decisivo para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Gleisi participou da reunião realizada ontem entre Maia e Baleia. O candidato se comprometeu a assumir as condições impostas pela oposição para apoiá-lo. Entre elas, facilitar a instalação de CPIs e a votação de projetos de decreto legislativo para sustar decisões do Executivo e de requerimentos de convocação de autoridades. PDT e PCdoB estão praticamente fechados com o líder emedebista.
Enio Verri disse que os petistas ainda querem ajustar a proposta aceita por Baleia. Ele ressaltou que, independentemente da decisão a ser tomada, o PT continuará no bloco de 11 partidos encabeçado pela candidatura do presidente do MDB.
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