A Câmara adaptou sua estrutura para atender às necessidades de acessibilidade do primeiro deputado cego da história do país, Felipe Rigoni (PSB-ES), que tomará posse nesta sexta-feira (1º). Foram instalados postos de votação com sinalização em braile e para captação do voto em sistema de áudio conectado ao painel de votação eletrônica. Rigoni terá à sua disposição três cadeiras adaptadas em diferentes em diferentes pontos do plenário.
O deputado testou o sistema de votação que será usado na eleição do novo presidente da Casa e dos integrantes da Mesa Diretora. “Os postos de votação estão falando em áudio comigo, está perfeito e vai dar para votar tranquilamente e fazer um bom trabalho”, afirmou.
Segundo a diretora da Coordenação de Acessibilidade, Adriana Jannuzzi, foram desenvolvidos dois sistemas de votação adaptados: um para votação secreta da eleição da Mesa e outro para as votações de projetos de lei.
“[O sistema de votação secreta] lê para ele tudo o que está na tela e, com fone de ouvido, ele vai navegando pelos botões, pela interface do aplicativo, e escolhe o voto que vai fazer. Ele usa o fone para ninguém ouvir o voto que está colocando lá”, explicou. “O outro sistema é o sistema de votação eletrônica, para os projetos de lei, que aparece no painel de votação que tem no plenário. Nesse sistema, ele vai sentar em um posto de votação adaptada”, afirmou.
Primeiro deputado cego do Brasil quer fazer mandato coletivo
A Câmara passou por reformas nos últimos anos para garantir a acessibilidade de deputados cadeirantes e agora se adapta para atender às necessidades de um parlamentar com deficiência visual. A Casa tinha seis leitores de tela para cegos e comprou mais três após a eleição de Felipe Rigoni. Ele foi o segundo mais votado da bancada do Espírito Santo em outubro, com 84 mil votos.
Engenheiro de produção formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas, o novo deputado tem mestrado em políticas públicas pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Aos 27 anos, ele começou sua trajetória como líder do Movimento Empresa Junior, que incentiva vocações de empreendedorismo e liderança criando empresas sem fins lucrativos dentro das universidades brasileiras. Apenas estudantes participam das mais de 600 empresas juniores no país.
Felipe Rigoni integra dois movimentos de renovação política, o Acredito e o Renova Brasil. “Eu percebi que, se eu quisesse transformar a vida das pessoas, eu tinha que melhorar a quantidade e qualidade das oportunidades que elas tinham”, disse Felipe ao Congresso em Foco. “Isso só vai acontecer se a gente mudar a política”, completou.
Para o deputado eleito, a expectativa é fazer um mandato coletivo, próximo das pessoas, e defender reformas como a tributária – que, em sua opinião, é a mais importante para o Brasil hoje. “Nossa principal expectativa é fazer um mandato compartilhado com as pessoas, assim como foi a campanha”, acrescentou Felipe, que pretende criar um conselho parlamentar para ajudá-lo a tomar decisões e manter contato com os movimentos de renovação.
Com informações da Agência Câmara
A reportagem está errada quando afirma que este e o primeiro deputado cego do Brasil. O Primeiro deputado cego do Brasil foi o Deputado Neurami Amorim, no estado do Ceará, na legislatura de 2010/14.