O presidente da mineradora Vale, Fábio Schvartsman, está sendo ouvido pela Câmara nesta quinta-feira (14), em uma audiência pública sobre a tragédia de Brumadinho (MG). Em sessão tensa em um dos auditórios da Casa, o deputado André Janones (Avante-MG) chegou a dizer que o dirigente dava respostas com a “cara lavada” e deveria ser preso depois das centenas de mortes e feridos em decorrência do rompimento de uma das barragens sob responsabilidade da mineradora no município.
“Primeiramente eu quero dizer da minha insatisfação de ter que olhar para essa cara lavada do presidente da Vale e ver ele dizer aqui que a Vale é uma joia rara, e que não tem responsabilidade pelo que aconteceu. Pelo menos ele foi homem o suficiente para admitir que está defendendo os interesses da empresa”, vociferou o deputado, dirigindo-se a outro membro da Vale presentes à audiência.
“O que o povo brasileiro, lá fora, fala hoje é que vocês dois são bandidos, assassinos, e que deveriam estar presos. Fica difícil contestar essa afirmação depois da fala do representante do Ministério Público da União. [..] Vocês reinam no país da impunidade, mas estamos em uma transição. O país da impunidade não existe mais!”, acrescentou Abdon (veja no vídeo ao final deste texto).
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Assista à íntegra da audiência:
Outros seis nomes, incluindo o diretor-geral da Associação Nacional de Mineração (ANM), Victor Bicca, também são esperados no comparecer ao encontro, organizado pela comissão externa da Casa formada para acompanhar os desdobramentos e investigações sobre o rompimento da barragem de rejeitos de minério da Vale.
A tragédia ocorreu no dia 25 de janeiro e deixou 166 mortos confirmados e 155 desaparecidos até a última quarta-feira (14). Até a noite da última quarta (13), Schvartsman ainda não havia respondido ao convite (nenhuma das pessoas chamadas é obrigada a depor), mas confirmou presença na manhã desta quinta (14).
Além dos dirigentes da Vale e da ANM, a audiência convidou o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira; o presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas, Renato Brandão; a coordenadora de emergências ambientais do Ibama, Fernanda Inojosa; o defensor público federal de Minas, Antônio de Maia e Pádua; e o chefe do Ministério Público mineiro, Antônio Tonet.
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Senado
Nesta quarta-feira (13), a comissão externa formado pelo Senado com os mesmos propósitos também aprovou requerimento para ouvir Schvartsman. Enquanto a comissão da Câmara foi criada especialmente para tratar da tragédia de Brumadinho, com natureza temporária, o colegiado do Senado funcionará como comissão permanente, que confirmou o senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) como novo presidente.
Além desses dois trabalhos, o Congresso ainda poderá ter duas comissões parlamentares de inquérito (CPI) sobre Brumadinho. Tanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto o do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já autorizaram a criação dos trabalhos.
A comissão externa da Câmara, porém, ainda tenta negociar com os parlamentares para que entre em funcionamento uma única comissão mista de inquérito (CPMI).
“[Defendemos a CPMI] para ser mais eficaz e já ter uma convergência no relatório final. Nós temos convicção que é muito mais efetivo que dois trabalhos nas casas diferentes. O Brasil precisa ter racionalidade de recursos”, afirma o deputado Zé Silva (SD-MG), coordenador da Comissão Externa de Brumadinho.
Veja a intervenção do deputado André Abdon:
>Brumadinho mostra que é preciso fortalecer, não flexibilizar o licenciamento ambiental
> Quid valorem? (a Vale e seu “faça o que digo, não faça o que faço”)