Quarto deputado federal mais votado de São Paulo, o nome de Ricardo Salles (PL) começou a circular como uma possível indicação do partido para presidir a Comissão de Meio Ambiente da Câmara. O ex-ministro do Meio Ambiente teve uma gestão polêmica e caracterizada por “passar a boiada”, como ele mesmo classificou, nas normas ambientais.
A informação de que Salles seria o indicado do PL para chefiar a comissão foi dada pelo perfil Eixo Político. Segundo o perfil, o PT, partido do presidente Lula, deverá ficar com a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), a mais importante da casa. No entanto, a presidência das comissões depende da distribuição partidária e de acordos e ainda não foram definidas.
Um abaixo assinado foi feito contra a indicação de Salles. Até o começo da tarde desta terça-feira (7), mais de 16,4 mil pessoas já haviam assinado o texto que pede que a comissão seja presidida por um ambientalista. “Nossa biodiversidade e os povos que nela vivem precisam de nossa mobilização e isso é URGENTE! Os líderes de governo devem lembrar que a pauta ambiental não está em negociação e que não podemos ter um inimigo do meio ambiente liderando as decisões sobre o tema na Câmara dos Deputados”, destaca o abaixo assinado.
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No Twitter, as reações também foram negativas. A deputada Erika Hilton (Psol-SP) classificou a indicação de Salles como um “escárnio” e uma “cuspida na cara da sociedade brasileira”. “O poder legislativo não pode facilitar a atuação deste notório facilitador de crimes ambientais durante a era Bolsonaro”, afirmou a deputada.
A indicação do PL de Ricardo Salles para a presidência da Comissão de Meio Ambiente da Câmara é um escárnio. Uma cospida na cara da sociedade brasileira.
O poder legislativo não pode facilitar a atuação deste notório facilitador de crimes ambientais durante a era Bolsonaro.
Publicidade— ERIKA HILTON 🚩 🇧🇷 (@ErikakHilton) February 7, 2023
O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, também criticou a suposta indicação de Salles. “Isso seria desastroso para a implantação da nova política ambiental do Governo Lula; é uma afronta à sociedade brasileira”, destacou.
A Revista Fórum informa que Ricardo Salles será indicado pelo PL para presidir a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. Isso seria desastroso para a implantação da nova política ambiental do Governo Lula; é uma afronta à sociedade brasileira.
— Ricardo Galvão (@ricardogalvaosp) February 7, 2023
Investigado pela PF
Ricardo Salles deixou o Ministério do Meio Ambiente em junho de 2021. O ex-ministro é investigado pela Polícia Federal por tentar obstruir uma operação que apreendeu no final de 2020 cerca de 220 mil metros cúbicos de madeira derrubada de forma ilegal no estado do Pará.
Em sua fala mais conhecida, em abril de 2020, Salles disse em uma reunião ministerial que o governo deveria aproveitar a pandemia de covid-19 para “ir passando a boiada” nas normas ambientais. Em dois anos e meio à frente da pasta, Salles foi um dos mais próximos ministros do gabinete de Jair Bolsonaro, responsável pelo relaxamento sem precedentes de políticas de preservação ambiental.
Questionado pelo Congresso em Foco sobre sua indicação, Salles afirmou não ter conhecimento de que a comissão ficará com o PL e que não tem interesse em presidi-la. “Meu nome é o mais forte dentro do partido por ter sido ministro, mas não desejo presidir a comissão”, respondeu o deputado.
O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ) afirmou que a indicação de Salles “não procede”. “Nem o deputado solicitou a comissão e nem está decidido se o partido ficará com essa comissão, haverá ainda uma discussão”, destacou.