Um secretário do deputado afastado Wilson Santiago (PTB-PB) foi filmado pela Polícia Federal (PF) recebendo R$ 50 mil no aeroporto de Brasília, em novembro do ano passado. De acordo com a investigação, o dinheiro foi levado para o Congresso, em seguida.
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A gravação faz parte da Operação Pés de Barro, que investiga um esquema de propinas no valor de R$ 1 ,2 milhão decorrentes do superfaturamento das obras de construção da Adutora Capivara, sistema adutor no sertão da Paraíba.
O dinheiro, entregue a Israel Nunes, foi negociado na noite anterior no estacionamento de uma rede de supermercados entre o empresário George Carvalho, dono da Construção, Empreendimentos e Comércio (Coenco), empresa responsável pela construção da adutora, e a secretária parlamentar de Santiago Evani Ramalho, apontada como responsável pela gerencia operacional e contábil do esquema.
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De acordo com a investigação, George saiu de João Pessoa (PB) em direção a Brasília em 7 de novembro do ano passado, levando uma mochila com a quantia em dinheiro. Ao chegar no local, entregou a quantia ao funcionário de Santiago, que saiu do aeroporto no carro que presta serviços para o parlamentar, pela Câmara.
O advogado de Santiago, Luis Henrique Machado, disse que George ganhou “notoriedade na Paraíba por delatar terceiros para não ser preso” e não apresentou nenhuma prova de que Santiago recebeu dinheiro ilícito.
“Tampouco a Polícia Federal apresentou provas que incriminassem o deputado. A ação controlada, as intercepções telefônicas, telemáticas e ambientais não dizem nada a respeito do deputado, somente ilações e conjecturas”, disse.
As defesas de Israel e Evani não foram localizadas pela reportagem do Estadão.
Em 21 de dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou uma ação da PF que cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em João Pessoa (PB), Uiraúna (PB), Rio do Peixe (PB) e Brasília.
O relator do caso, ministro Celso de Mello, também determinou quatro prisões preventivas e sete ordens de afastamento de funções públicas, entre elas a do deputado.
Os investigados deverão responder pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, fraude licitatória e formação de organização criminosa, cujas penas, somadas, ultrapassam 20 anos de reclusão.
Pés de Barro