A uma semana da retomada dos trabalhos legislativos, a percepção de aumento da força do presidente Lula em seu novo governo e da perda de prestígio do ex-presidente Jair Bolsonaro é sentida nos corredores do poder em Brasília. O autoexílio de Bolsonaro e as consequências da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro parecem ter reduzido as chances de o ex-presidente vir a ser de fato o principal líder da oposição a Lula. Mas, mesmo antes desses últimos acontecimentos, essa má avaliação de Bolsonaro já podia ser percebida nos dados da última rodada do Painel do Poder, pesquisa trimestral que o Congresso em Foco Análise realiza com 70 dos principais líderes da Câmara e do Senado.
Embora o PL, partido de Bolsonaro, tenha as maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado e o perfil dos parlamentares seja mais conservador, a pesquisa mostra que os deputados e senadores têm uma avaliação negativa do que foi o seu governo. Em praticamente todos os itens perguntados, o conceito sobre a gestão Bolsonaro ficou abaixo da média. Ela somente aparece um pouco acima da média na avaliação feita sobre a condução da economia.
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Em uma escala de 1 a 5, a média dos parlamentares deu nota somente 1,68 para o relacionamento do governo Bolsonaro com o poder Judiciário, a pior avaliação. Considerou que o governo anterior mereceu apenas 2,3 no que se refere às suas ações na área de educação. E 2,37 no combate à pandemia de covid-19. Na promoção da democracia, apenas 2,51. No relacionamento com o Congresso, 2,68. Numa melhora geral do país, 2,77. No combate à corrupção, 2,81. E na economia, 3,01.
Veja abaixo as tabelas:
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“O governo Bolsonaro encerra-se avaliado como um pouco abaixo da média pelo conjunto dos parlamentares, mantendo tendência que permaneceu ao longo das várias rodadas feitas pelo Painel do Poder”, observa o relatório da pesquisa.
“Apesar de não ter avançado muito, o governo destravou algumas situações no plano econômico e conseguiu deixar uma marca liberal (com valência positiva para o termo). Isso corrobora rodadas anteriores do Painel do Poder nas quais os parlamentares foram perguntados sobre presença do Estado na economia e sobre privatizações, tendo demonstrado preferência por uma menor presença e por mais privatizações. Tendo em vista que o perfil da próxima Legislatura aponta, ao menos em teoria, para um Congresso ainda mais de direita, essa deve ser a tônica. Esse será um item importante a ser acompanhado nas próximas rodadas do Painel do Poder”, continua o texto.
É importante ressaltar que a pesquisa foi realizada ainda no final do ano passado, entre novembro e dezembro. Já sobre os efeitos, portanto, do resultado da eleição, mas antes da posse do presidente Lula e do novo governo. E especialmente antes dos atos golpistas de 8 de janeiro de dos seus efeitos.
O levantamento, porém, reforça a percepção negativa para a atuação do governo que se encerrou, apesar do perfil mais conservador do Congresso.