O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), declarou em nota sua solidariedade à senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), diante da manifestação de repúdio das igrejas evangélicas da Assembleia de Deus de seu estado quando declarou apoio à campanha de Lula (PT). Na avaliação do parlamentar, a postura dos líderes religiosos não é compatível com a democracia.
“Manifesto minha solidariedade à senadora Eliziane Gama, exemplo de parlamentar e líder da bancada feminina no Senado Federal. Não se pode repudiar a sua preferência política, pois é seu direito tê-la e exercê-la. Democracia se faz com respeito à divergência e debate verdadeiro”, declarou. A deputada eleita Marina Silva, outra fiel da Assembleia de Deus, também declarou apoio a Eliziane Gama.
A adesão de Eliziane Gama à campanha de Lula não foi inesperada: ao mesmo tempo que atua como figura de destaque na frente parlamentar evangélica, a senadora foi uma figura ativa na CPI da covid-19, onde teceu uma série de críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL). Em plenário, votou junto ao governo em 72% das votações, mesma margem dos partidos de oposição no Senado. Terminado o primeiro turno das eleições, seu partido liberou os diretórios para que cada um decidisse sobre qual presidente apoiar, e a decisão de Eliziane foi amparada pelo próprio presidente do Cidadania, Roberto Freire.
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No meio evangélico, porém, a resposta foi outra. Logo que manifestou seu apoio ao petista, o conselho político da Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Maranhão (Ceadema) publicou uma carta aberta repudiando a senadora, alegando que, desde que assumiu o mandato, ela “tem dado sinais claros, através de seus discursos e posicionamentos, da falta de compromisso com o Ceadema”.
Apesar de hostilizada pelas lideranças de sua própria vertente religiosa, Eliziane Gama decidiu não romper com seu segmento. Ao invés disso, passou a articular entre evangélicos de seu estado o apoio ao seu candidato, tendo também ajudado na elaboração da carta de compromisso de Lula com os evangélicos.