O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se pronunciou contra o pedido de indiciamento do senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) no relatório final da CPI da Covid-19 por incitação ao crime. “Nunca interferi e não interferirei nos trabalhos da CPI. Mas, pelo que percebo, considero o indiciamento do Senador Heinze um excesso. Mas a decisão é da CPI”, declarou em nota
Além de Rodrigo Pacheco, o pedido de indiciamento requerido pelo senadro Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e acatado por Renan Calheiros (MDB-AL) foi visto com maus olhos por Marcos Rogério (DEM-RO). “O relator se perdeu, a CPI se tornou um tribunal da vingança. Senador Renan não tem competência para indiciar um senador da república, faz isso em afronta à Constituição Federal, às garantias constitucionais”, disse ao Congresso em Foco.
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A inclusão de Heinze entre os pedidos de indiciamento no relatório se deu por conta de seus frequentes pronunciamentos em defesa do uso da cloroquina para tratar a covid-19. Para Marcos Rogério, a classificação de suas falas como incitação ao crime configura violação da imunidade parlamentar. “Agora o próprio relator, que já foi presidente desta casa, relativiza uma garantia que sempre foi essencial ao bom exercício parlamentar. Lamento, lamento. Acho que não para de pé”, declarou.
Também conversou com a redação o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que enxerga o pedido como uma forma de perseguição à ala governista na CPI. “Eu acho sinceramente que isso é um capítulo final para esta CPI, que mostra o viés de perseguição. O senador Heinze participou de quase todas as reuniões, trouxe pesquisas. (…) Isso mostra uma perseguição dos oposicionistas ao grupo governistas, porque incluiu deputados federais e incluiu o Heinze”.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já concorda com a inclusão de Heinze defendendo que “Precisava ser tomada uma medida”. Ao seu ver, é falacioso o discurso dos governistas, que retratam o episódio como uma prática persecutória. “Se fosse [indiciado] por viés, outros na CPI também seriam. O fato, no caso do senador, é que não sei se é muito razoável a defesa, no âmbito de uma CPI, a essa altura de que cloroquina resolve a pandemia. Não é razoável nos silenciarmos diante desse tipo de comportamento”, afirmou.
Otto Alencar (PSD-BA) concorda com Randolfe. “Heinze foi o maior disseminador de medicamentos sem eficácia. Ele ficou lendo os jornais de algumas pessoas que opinavam sem ter conhecimento da doença o tempo todo. Todas as declarações dele nesse tempo são idênticas, não mudam nunca. Não tem porque deixar ele ficar disseminando isso”, posicionou-se.
O senador e médico teme que os discursos de Heinze possam ter comprometido a saúde de parte do eleitorado. “Ele deve ter seguidores no Rio Grande do Sul que devem estar sem tomar vacina, acreditando que hidroxicloroquina funciona. Que a azitromicina, que é um antibiótico para vias aéreas superiores e doenças venéreas, pode funcionar”, alertou.
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