Representantes de diversos movimentos sociais de defesa dos direitos das mulheres se reuniram na tarde desta quarta-feira (19) em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados, onde ficam as salas das comissões, para protestar pelo arquivamento do PL 1904/2024, também conhecido como PL do Aborto ou PL do Estupro. As manifestantes também levantaram cartazes de protesto contra o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que pautou o requerimento de urgência aprovado na semana anterior.
O ato foi, convocado por iniciativa de uma pedagoga e um grupo de mães e pais que formam o movimento Criança Não É Mãe, em Brasília, e contou com apoio da Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e pela Legalização do Aborto. O projeto criminaliza toda forma de aborto após as 22 semanas, equiparando-o ao crime de homicídio simples, mesmo quando realizado para interromper uma gravidez decorrente de estupro.
Em manifesto distribuído na manifestação, o movimento Criança Não É Mãe ressaltou que o protesto acontece “por não admitir mais que nenhuma violência seja perpetrada pelo Congresso Nacional, que deveria legislar pelo bem do povo e garantir a Constituição”.
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Confira as fotos da manifestação:
O ato aconteceu paralelamente a um almoço na Residência Oficial entre Arthur Lira e a liderança da Bancada Feminina. Na véspera, ele havia anunciado que o projeto não seria pautado diretamente em plenário, devendo passar pela análise de uma comissão representativa a ser instalada no próximo semestre. O presidente busca encontrar um caminho para contornar a pressão da Bancada Evangélica, favorável ao projeto, e de movimentos sociais e deputadas contrárias ao texto.
Durante a manifestação, um grupo de deputados bolsonaristas foi até o local para provocar os movimentos, gritando frases de efeito contra o aborto e clamando “pauta, Lira”. Sâmia Bomfim (Psol-SP), que articula pelo arquivamento da proposta, chegou em seguida, e orientou as manifestantes a não responder às provocações. “Isso só mostra o desespero daqueles que não convenceram a sociedade brasileira de que é preciso retroceder nos direitos das mulheres brasileiras. (…) É um sinal de que estão recuados, e não conseguem ter voto para aprovar essa atrocidade”, declarou.
A deputada também apontou para a importância de manter a mobilização em meio à articulação de Lira para eleger um sucessor na presidência da Câmara. “Vão querer fazer desse PL uma moeda de troca, que vale caro. (…) Por isso, nós não vamos baixar a guarda”.
Confira a manifestação em vídeo: