As cotas de passagens aéreas dos parlamentares serviram a Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União, órgão responsável por fiscalizar as despesas dos três Poderes. Nardes viajou de Brasília para Porto Alegre no dia 6 de dezembro de 2007, às 10h20, no voo JJ 8020. A viagem custou R$ 519,12 e foi paga pela cota do deputado José Otávio Germano (PP-RS).
Nomeado para o TCU em 2005, o gaúcho Nardes foi deputado federal por dois mandatos. Pertenceu à Arena, e às siglas que a sucederam, PDS e PP. O gabinete de Germano e a assessoria do TCU garantem que o dinheiro foi ressarcido aos cofres públicos, embora não tenham apresentado à reportagem comprovantes de pagamento.
O deputado é listado como um dos responsáveis no processo 012.934/1999-2, uma representação de auditores do TCU sobre convênios de concessão de rodovias federais firmados entre a União e o Rio Grande do Sul. O relator do caso é o auditor André Luís de Carvalho.
Os auxiliares de Germano informaram que o parlamentar é amigo de Augusto Nardes há mais de 30 anos. Entretanto, negam qualquer “interesse pessoal” no uso da passagem.
“Se houve isso, à época houve a devolução imediata, houve o ressarcimento”, assegurou o chefe de gabinete de Germano, Maurício Viana Beres. De acordo com ele, até a secretárias de Nardes e Germano são amigas e, provavelmente por isso, trabalharam em conjunto para tentar solucionar “problemas operacionais” na emissão dos bilhetes.
Por meio da assessoria de imprensa do TCU, o ministro Augusto Nardes admitiu ter viajado de Brasília a Porto Alegre em dezembro de 2007 na cota do deputado José Otávio Germano, seu ex-colega de partido, no estado e na Câmara.
Nardes atribuiu a responsabilidade pela utilização do benefício da Câmara à secretária dele e à do deputado. A auxiliar do ministro teria recorrido à colega após enfrentar “problemas” para emitir a passagem de Nardes pelo TCU.
A assessoria do tribunal confirmou que tanto as secretárias quanto Nardes e Germano mantêm amizade de longa data. Após o socorro, os créditos do deputado teriam sido ressarcidos imediatamente por meio de um “voucher eletrônico”.
Na quinta-feira passada (16), o Congresso em Foco pediu o envio de um comprovante do pagamento. Mas, até o fechamento desta reportagem, não obteve o documento. O ministro alega ainda que só soube posteriormente que voou na cota do parlamentar conterrâneo.
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