Uma semana após a eleição na Câmara, as principais lideranças do DEM decidiram lavar roupa suja em público. De um lado, o ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ) abriu fogo contra o presidente da legenda, ACM Neto, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, acusando-os de tê-lo traído e apoiado, por baixo dos panos, a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), candidato do Palácio do Planalto. Em entrevista ao Valor Econômico, Maia disse que faltou caráter aos colegas de partido.
Do outro, ACM Neto, Caiado e a bancada da sigla na Câmara, que o acusaram de desequilíbrio e de tentar transferir para terceiros sua responsabilidade pelo fracasso da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). Maia já anunciou que se desfiliará, mas ainda não decidiu para qual partido migrará.
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ACM Neto e o líder da bancada na Câmara, Efraim Filho (PB), destacaram que o DEM não tem dono, em resposta a Maia. “Ao invés de escutar quem sempre esteve ao seu lado, e fazer com serenidade e honestidade o exercício da autocrítica, o deputado Rodrigo Maia se encastelou no poder conquistado e, agora, demonstra surpreendente descontrole. A falta de grandeza e a deslealdade causam profundo estranhamento”, disse o presidente do partido por meio de nota. Segundo ele, Maia tenta jogar nas costas do DEM uma derrota que é de sua responsabilidade, por tentar se “perpetuar” no poder e não ter trabalhado uma candidatura até que o Supremo Tribunal Federal barrasse a possibilidade de reeleição.
Em nota à imprensa, Caiado afirmou que Maia sofre da “síndrome de ansiedade de poder”, está desequilibrado e deveria ser internado em um hospital. O governador disse que é o colega de partido quem mostra não ter caráter. Ele também o acusa de tentar “furar” a Constituição para tentar um quarto mandato consecutivo à frente da Câmara e de desrespeitar a bancada do partido.
“Agir da forma como Rodrigo agiu é o que, de fato, demonstra falta de caráter. Ganhar ou perder faz parte de todo o processo político. E Rodrigo sabe quantas vezes perdi internamente no partido e acatei a derrota, mesmo não satisfeito. Humildade, usar a verdade e respeitar os amigos estão acima de qualquer poder”, respondeu. Maia está de saída do DEM, mas ainda não decidiu para qual partido vai.
Para Efraim, a desfiliação de Maia pacificará o DEM. Segundo ele, o ex-presidente da Câmara não consultou a bancada e tentou agir como dono da sigla ao impor o bloco com partidos de centro-esquerda. “Na verdade, ao tentar levar o partido para essa posição, sem consultar a bancada sobre o que desejava, Rodrigo se viu isolado e perdeu o comando do processo, e muitas vezes o alertamos sobre essa dificuldade. Era a sua sucessão, cabia a ele construir os consensos e conduzir o processo. Na democracia, maioria não se impõe, maioria se conquista”, respondeu o líder.
PublicidadeCaiado usou de termos mais duros para se referir ao colega e devolveu a ele a acusação de não ter caráter. Em nota à imprensa, o governador de Goiás afirmou que Maia sofre da “síndrome de ansiedade de poder”, está desequilibrado e deveria ser internado em um hospital. Caiado disse que é o companheiro de partido quem mostra não ter caráter. Ele também o acusa de tentar “furar” a Constituição para tentar um quarto mandato consecutivo à frente da Câmara e de desrespeitar a bancada do partido.
“Agir da forma como Rodrigo agiu é o que, de fato, demonstra falta de caráter. Ganhar ou perder faz parte de todo o processo político. E Rodrigo sabe quantas vezes perdi internamente no partido e acatei a derrota, mesmo não satisfeito. Humildade, usar a verdade e respeitar os amigos estão acima de qualquer poder”, reagiu Caiado.
Na entrevista ao Valor, Maia disse que ACM Neto entregou a sua cabeça ao Planalto ao tirar o apoio do partido a Baleia Rossi na véspera da eleição. “Foi um processo muito feio do Neto e do Caiado. Ficar contra é legítimo, falar uma coisa e fazer outra não é legítimo. Não posso, depois de ter construído relação de confiança com muita gente, parecer que sou parte desse processo não da bancada, mas da direção, de não cumprir sua palavra. Falta caráter, né? Você falar uma coisa na frente e operar de outra forma, falta caráter”, criticou. “Mesmo a gente tendo feito movimento que interessava ao candidato dele no Senado, ele entregou nossa cabeça numa bandeja para o Planalto”, acrescentou.