O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), destacou em entrevista ao jornal O Globo que a reforma da previdência é necessária para o equilíbrio das contas públicas do país, mas que ela, sozinha, não deve ajustar a situação econômica e nem é, em si, uma agenda de desenvolvimento para o país. “Acho que está faltando uma agenda para o Brasil. A Previdência não é uma agenda, é uma reforma racional e necessária para equilibrar as contas públicas. Ela não resolve qualidade na educação, médico no hospital, produtividade no setor público ou privado, crescimento econômico ou desemprego. O que precisamos é uma agenda para o Brasil”, afirmou.
Maia havia sido questionado sobre uma declaração do deputado Paulinho da Força (SD-SP), que disse que uma reforma robusta ajudaria na reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Maia ressaltou que Bolsonaro teve coragem de enviá-la ao Congresso apesar de ter sido, historicamente, contra a proposta, mas ponderou que “já está ficando claro para todo mundo que a reforma previdenciária por si só não vai resolver nada”. E disse ainda que “para sair da trajetória (de colapso), o governo vai ter que ir muito além do que foi até agora”.
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Perguntado sobre o avanço do texto na Câmara, Maia disse que os trabalhos da comissão especial não estão atrasados e que a meta de votar a reforma em plenário antes do recesso parlamentar, que começa em 15 de julho, evitará que a análise do texto vá ficando para depois. “A gente tem que trabalhar com datas, porque se não vai ficando para depois. Se não tem objetivo, vai extrapolar nosso tempo. Claro que não há atraso (…) Ninguém pode dizer que a reforma está atrasada, como algumas vezes meu amigo Paulo Guedes fala que está atrasada. Não é verdade”, defende Maia.
Pacto entre os poderes
Maia comentou ainda que a iniciativa de um pacto ‘de princípios’ entre os três poderes partiu do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e que o governo Bolsonaro foi quem fez uma contraproposta com uma versão mais política e ideológica. “Nós vamos estudar porque eu não posso assinar algo que eu não tenha apoio majoritário. Acho que a assinatura de um pacto de princípios entre os três poderes pode ser uma coisa interessante”, afirmou Maia.
No dia 28 de maio houve um café da manhã no Palácio do Planalto com Maia, Bolsonaro, Toffoli e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), além do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Após o evento, Onyx anunciou que Executivo, Judiciário e Legislativo devem assinar um pacto em defesa da aprovação de macrorreformas no país da semana do 10 de junho. “Acho que o Onyx (Lorenzoni) avançou na informação sem uma construção política amarrada. Ele entregou um documento, ninguém leu, e ficou parecendo para a sociedade e a imprensa que a gente fechou aquele pacto em cima daquele texto. Zero de verdade nisso”, apontou o presidente da Câmara.