A deputada estadual Macaé Evaristo, do PT de Minas Gerais, foi escolhida pelo presidente Lula para assumir a chefia do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), ocupado até sexta-feira (6) por Silvio Almeida. A parlamentar foi uma das três indicações feitas pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR). A indicação foi confirmada por sua filha, Mariana Evaristo, e logo em seguida pelo Planalto.
Macaé Evaristo possui graduação em assistência social e doutorado em educação, sua principal bandeira. Ela construiu a maior parte de sua carreira política dentro do Poder Executivo: foi secretária municipal de educação em Belo Horizonte entre 2009 e 2012 e assumiu a secretaria estadual entre 2015 e 2018. Ela também foi secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação. Em 2023, Macaé assumiu o mandato de deputada estadual, cargo que ocupa atualmente.
Mobilização mineira
O nome de Macaé recebeu forte apoio da bancada mineira do PT na Câmara dos Deputados, com uma mobilização de algumas de suas principais lideranças nas redes sociais. A indicação ainda contou com uma declaração pública de apoio da secretária nacional de planejamento de finanças do partido, a também mineira Gleide Andrade.
Em nota, Gleide e o líder da legenda na Câmara, Odair Cunha (PT-MG), afirmaram ter recebido com alegria a informação de que ela poderia assumir o MDH. “Macaé possui a experiência e a sensibilidade necessárias para assumir essa missão e auxiliar o Presidente Lula na união e reconstrução do Brasil”, declarou.
Rogerio Correia (PT-MG), vice-líder do governo, também se manifestou em favor da parlamentar estadual. “Macaé, uma força de luta e de carinho a quem muito admiro, tem as credenciais certas para desempenhar essa importante função. Estou certo de que fará um excelente trabalho, se escolhida pelo presidente. (…) Uma indicação como essa fortalece a bancada mineira do Partido dos Trabalhadores, o PT de Belo Horizonte e valoriza todos nós, defensores dos direitos humanos”.
Interlocutores do PT na Câmara relataram que o plano da ala mineira era discutir sobre os passos para emplacar seu nome na terça-feira (10), dia em que está marcada a reunião da bancada. Ainda nesta segunda, porém, o presidente Lula a chamou para uma reunião no Palácio da Alvorada, antecipando a definição de seu nome.
PublicidadeLula também recebeu recomendações de nomes da deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e da ex-ministra Nilma Gomes, que assumiu a pasta de Direitos Humanos no governo Dilma. Outra liderança que também ganhou força após a saída de Silvio Almeida foi a ex-presidente da Fundação Palmares, Dulce Maria Pereira, Professora e Pesquisadorara UFOP/UFMA e Pesquisadora da Universidade do Cabo, na África do Sul. Ela elogiou a decisão do presidente Lula sobre a escolha de Macaé, considerando como “acertada tanto do ponto de vista do Estado como da nação”.
Além de destacar a experiência política da nova ministra, Dulce Pereira, que é também articulista no Congresso em Foco, ressaltou que Macaé é uma “mulher negra preparada para não cair nos divisionismos partidários ou nas disputas entre partidos, sabe produzir consensos e é transparente nos discensos”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi outro que se manifestou em homenagem à nova ministra. “Parabenizo o presidente Lula pela indicação da deputada mineira Macaé Evaristo para ocupar o cargo de ministra do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Macaé Evaristo possui uma trajetória marcada pelo trabalho exemplar desenvolvido na área da educação e na defesa dos direitos humanos”, disse em nota.
A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, se somou às homenagens. “Sabemos que ela recebe essa missão, em um momento profundamente difícil, mas acreditamos na força da espiritualidade e na sua trajetória. Ela não estará sozinha, como nunca esteve! A mãe do Brasil é indígena e negra e juntas gestaremos um país melhor! A nossa luta é para que não sejamos as únicas, continuaremos rompendo com o racismo da ausência”.
Um dia após a nomeação da nova ministra, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostra que Macaé é ré em processo por superfaturamento na compra de uniformes escolares. Ela nega qualquer irregularidade.