O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou nesta terça-feira (16) que o veto parcial do presidente Lula ao projeto de lei que extingue as saídas temporárias de presídios teve como uma de suas causas o fato do chefe de Estado ser cristão. A declaração foi feita em reunião da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para atender a questionamentos dos parlamentares.
“O presidente, como todos sabem, é um cristão. É um católico, cristão, e a família é um dos valores fundamentais não só do cristianismo, mas de outras religiões, como o judaísmo e também dos muçulmanos”, afirmou Lewandowski. O ministro explicava a manutenção das saídas temporárias para presos do regime semiaberto para realização de saídas temporárias para visitar familiares em datas comemorativas.
Para além da questão religiosa, Ricardo Lewandowski argumentou que o governo considera inconstitucional a revogação das saidinhas, por considerar esta como violadora dos princípios da dignidade da pessoa humana, da individualização da pena, e a obrigatoriedade constitucional do Estado de defender a família enquanto parte da sociedade.
Leia também
O PL das saidinhas trata de outros temas para além das saídas temporárias, prevendo o retorno da obrigatoriedade da realização de exames criminológicos para que presos possam progredir de regime e o aumento da exigência de tornozeleiras eletrônicas para a saída de presos. Segundo o ministro, há divergência técnica do governo a respeito do mérito desses trechos do projeto, mas o entendimento foi de sancionar tais mecanismos por representarem a vontade do Congresso Nacional.
A citação da religiosidade do presidente Lula por parte do ministro não foi por acaso. Desde o final de março, quando as pesquisas de opinião acompanhadas pelo governo demonstraram queda de popularidade, o mandatário iniciou um esforço concentrado para melhorar a imagem. Parte desse esforço envolve a aproximação com o eleitorado evangélico, motivo pelo qual questões religiosas ganharam maior espaço nos discursos presidenciais. O governo tem pressa para recuperar a popularidade diante da proximidade das eleições municipais.