Autor de uma grave denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro a respeito da compra de vacinas da Covaxin, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) afirmou nesta segunda-feira (12) que não tem gravações que comprovem que o presidente sabia e não agiu ao saber que havia irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.
“Eu não tenho áudio nenhum do presidente. Eu não tenho nada que eu poderia desmentir, até porque agora ele não mentiu”, revelou o deputado, durante entrevista do programa Roda Viva. “Mas eu sei que se ele optar por mentir – o que ele não fez – certamente o Brasil ficaria muito decepcionado com o presidente.”
No entanto, o parlamentar – que denunciou à CPI da Covid que Bolsonaro foi avisado de um esquema para a compra de vacinas superfaturadas -deu a entender que há sim registros da conversa: “Eu jamais gravaria um presidente da República, mas eu não estava sozinho na sala – e nem todo mundo que estava na sala confia no presidente”, disse. Segundo o deputado brasiliense, ele estava na sala junto com o presidente, seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda, e um ajudante de ordens do presidente.
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O deputado foi entrevistado por cerca de 1h45, e foi pressionado a revelar quem teria gravado o presidente, e sob quais condições. Em todos os momentos, Luís Miranda se recusou a dizer. Em um dos momentos, disse que, um dia após reunir-se com o presidente no Palácio da Alvorada, encontrou-se com o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Alertado também sobre eventuais desmandos nas compras, Pazuello reconheceu a derrota.
“O Pazuello não toca no assunto- eu que toco no assunto com ele”, relembra o deputado sobre a conversa, que teria ocorrido em um voo entre São Paulo e Brasília. “Ele inclusive desabafa: ‘meu amigo, inclusive eu já tô saindo, já tentei de tudo para resolver este problema e não consigo'”. A conversa, ocorrida no final de março, realmente coincide com a demissão do general do cargo.
Ao final do programa, questionado sobre sua lealdade ao presidente, Miranda demonstrou certo arrependimento. “Eu não subo mais num palanque com Jair Messias Bolsonaro. Nunca mais”, disparou Luís Miranda. “Não porque eu acredito ou não acredito ou deixei de acreditar, mas pelo comportamento que ele teve para com essa situação muito grave, e a forma com que as pessoas que tentaram ajudá-lo foram tratadas, isso não irá ocorrer.”
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