Era primeiro de fevereiro de 2021 quando, visivelmente abatido e às lágrimas, o deputado Rodrigo Maia desejava sucesso ao seu sucessor, Arthur Lira (PP-AL), no cargo de presidente da Câmara dos Deputados. Um ano depois, e Lira impôs um modelo de trabalho característico seu à Casa: adversários políticos o acusaram de atropelar ritos regimentais e votações; a oposição ao governo o acusa sistematicamente de ignorar mais de uma centena de pedidos contra Jair Bolsonaro (PL); e a articulação sobre o “Orçamento Secreto”, que faria passar por sua mão dezenas de bilhões de reais a serem repartidos pela base aliada ao governo, serve como uma das maiores projeções do poder do deputado em terceiro mandato.
Em Alagoas, seu estado-natal, no entanto, Lira indica que tem grande parte da política local em bons termos, o que não deve colocar uma possível reeleição em risco no final do ano. Hoje o segundo na linha de sucessão presidencial, Lira possui uma base aliada significativa no estado: 29 dos 102 prefeitos alagoanos são do PP, partido de Lira. Outros 21 são vice-prefeitos vinculados a seu partido. Um dos prefeitos, na cidade litorânea de Barra de São Miguel, é Benedito de Lira, seu pai e ex-senador pelo estado até o início de 2019.
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Alagoas tem uma composição de prefeitos onde praticamente não há a presença da oposição: o PT possui uma única prefeitura, de nove mil habitantes; e uma vice-prefeitura comandada pelo MDB; o PSB possui duas prefeituras e o PDT apenas quatro vice-prefeitos. Outros partidos do chamado “Centrão”, como o Democratas (duas prefeituras), e PTB (12 cidades) estão representadas no estado.
O PP tem a segunda maior bancada de prefeitos do estado, atrás apenas do MDB – partido que, apesar de ser controlado por um desafeto de Lira, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) – mantém excelentes conexões com o presidente da Câmara. Na foto que ilustra esta matéria, Lira concede entrevista ao lado do prefeito de São Miguel dos Campos, George Clemente (MDB), com uma obra viabilizada com recursos federais ocorrendo ao fundo.
“Mais uma vez, agradeço a ele pela parceria e por entender as necessidades dos miguelenses. Essa obra já é uma realidade para todos nós”, escreveu o prefeito na sua rede social.
Em outra postagem, Lira aparece ao lado de Gilberto Gonçalves (PP), prefeito de Rio Largo. A cidade havia acabado de receber um contrato para a perfuração de 15 poços artesianos por meio da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), empresa que no estado é comandada por João José Pereira Fiho. Joãozinho, como é conhecido, é primo de Arthur Lira.
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Lira retoma para o segundo ano da presidência como o líder de uma casa que operará de maneira híbrida até o carnaval, em março. Devido ao aumento dos casos da variante ômicron – e a dificuldade de encontrar voos para Brasília – Lira indicou que as sessões remotas devem voltar provisoriamente no primeiro mês de 2022.