Durante a sessão plenária da Câmara dos Deputados desta terça-feira (31), o presidente Arthur Lira (PP-AL) anunciou que planeja abrir processo contra o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) no Conselho de Ética e Decoro da Casa após uma briga entre os dois durante o debate de uma medida provisória. Durante a discussão, Lira chegou a acionar a segurança do plenário para acalmar os ânimos dos parlamentares.
A briga começou quando Glauber Braga iniciou sua fala pela liderança do Psol com os dizeres “senhor Arthur Lira, eu gostaria de saber se o senhor não tem vergonha”, tendo o microfone cortado logo em seguida. Em resposta, Lira disse que não abriria o microfone enquanto não se contivesse. “Faça seus comentários, mas não venha com palavras de baixo calão. Se o senhor faltar com respeito, eu não lhe darei a palavra, e você vá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para buscar o direito que o senhor quer”, disse.
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Os dois permaneceram trocando farpas sobre o corte do microfone, com as deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Sâmia Bomfim (Psol-SP) se pronunciando em defesa do parlamentar fluminense. A situação se agravou quando o deputado Bibo Nunes (PL-RS) teve seu discurso de orientação de bancada interrompido por Glauber, que exigia o uso do tempo de liderança do Psol. Lira tentou chamar a atenção dos parlamentares, mas precisou acionar os seguranças em meio à briga entre deputados da oposição e governo.
Quando os parlamentares se calaram, Lira anunciou a abertura do processo contra Glauber. “Deputado Glauber há muito tempo provoca discussões como essa nessa casa. Foi desrespeitoso, foi deselegante, foi descortês, foi inábil com essa presidência. (…) Nenhum deputado vai usar essa tribuna, e nem este microfone para ofender qualquer parlamentar. Vossa excelência por este partido, pelo partido do presidente da Casa, responderá no Conselho de Ética e terá todas as oportunidades de fazer sua defesa ou acusações lá”.
Glauber Braga subiu em seguida à tribuna para reaver seu discurso, em que novamente perguntou a Lira se “não teria vergonha” por defender a privatização da Petrobras em um pronunciamento na segunda-feira (30). Sâmia Bomfim, líder do partido, comentou sobre o episódio na tribuna. “É muito grave o que aconteceu hoje: ameaçar tirar um deputado do parlamento simplesmente porque não gosta do que ele disse. Há outros instrumentos que são regimentais e que fazem com que se vá adiante a sua reclamação. (…) Teve deputado condenado pelo STF que usou o plenário para se esconder, e nada foi feito com ele”, declarou.