O líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), foi peça-chave nas articulações para aprovação da PEC da Transição, que viabilizou o pagamento do Auxílio Brasil (Bolsa Família) no valor de R$ 600. O êxito do trabalho, marcado por negociações com opositores, levou seu nome a ser dado como certo para comandar o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Mas o petista acabou sem o cargo, diante de uma manobra de última hora do presidente Lula para acomodar o União Brasil no ministério. Lula entregou o MDA para Paulo Teixeira, que ficaria com o Ministério das Comunicações, pasta que passou às mãos do União.
Embora tenha perdido o MDA para garantir a ampliação da base, o líder petista defende que novas legendas também participem do governo. Em entrevista concedida ao Congresso em Foco no gabinete da liderança do PT na Câmara, na última quinta-feira (5), o deputado pregou que partidos alinhados a Jair Bolsonaro, como o Republicanos e o PP, também participem da gestão Lula.
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Para ele, é natural que bancadas que apoiam pautas do governo no Congresso tenham também cargos no Executivo. “Quem ajuda a governar sempre deve participar do governo. É um processo. Vai depender de como será o ano legislativo. Acredito que o Republicanos e os Progressistas possam ajudar”, afirma.
Segundo ele, os dois partidos foram decisivos para a aprovação da PEC da Transição na Câmara. “Os deputados do Republicamos foram extremamente importantes como na votação para desconstitucionalizar as regras fiscais do país. Em todo o processo de votação tivemos 40 votos do Progressistas”, exemplifica.
O presidente do Republicanos, o deputado reeleito Marcos Pereira (SP), disse nesta semana que vai manter independência em relação ao Planalto. O Republicanos abriga duas lideranças do bolsonarismo: o ex-vice-presidente Hamilton Mourão e a ex-ministra Damares Alves, eleitos senadores pelo Rio Grande do Sul e pelo Distrito Federal, respectivamente.
Veja trecho da entrevista:
Ampliação da base
A ampliação da base no Congresso será fundamental, na avaliação de Reginaldo Lopes, para o governo aprovar a reforma tributária. De acordo com o líder, 2023, como primeiro ano do governo e da nova legislatura, será muito importante para o futuro da proposta. O modelo tributário, avalia o deputado, virou uma máquina de produzir superpobres no Brasil, e, por isso, precisa ser urgentemente reformulado.
Veja trecho da entrevista:
Prestes a passar a liderança do PT para Zeca Dirceu (PR), Reginaldo Lopes entende que o partido e o governo têm cinco grandes tarefas: aumentar a representatividade política das mulheres, dialogar com as periferias e os microempreendedores, acertar uma política que envolva o agronegócio e a agricultura familiar e responder aos anseios da comunidade evangélica.
“Esses cinco grandes desafios serão disputados, tanto pelas redes – vamos precisar modernizar a comunicação – quanto pelas ruas. A novidade depois das jornadas de 2013 talvez é que as ruas passaram a ser ocupadas por várias forças políticas. Nesse cenário vamos governar e disputar um modelo de construção de país”, considera.
O governo terá de oferecer políticas públicas para esses setores, na avaliação do deputado. “O PT sempre dialogou com esses setores, mas eles querem mais, eles se expressam de forma mais organizada. Eles querem mais. É um século novo, muito diferente do século passado e do início do século.”
Veja trecho da entrevista:
O PT e as demais forças políticas
Para Reginaldo Lopes, novas lideranças podem emergir na direita após o comportamento adotado por Bolsonaro depois da derrota eleitoral. O líder petista defende que Bolsonaro seja responsabilizado por parte das quase 700 mil mortes provocadas pela covid-19 no Brasil por causa de sua omissão e de sua política negacionista. “Pode ser que tenha a construção de um quadro da direita mais tradicional, moderno e equilibrado, que se atenha mais aos temas econômicos, e menos aos de costumes.”
A despeito da presença de ministros com potencial para concorrer à Presidência em 2026, como Geraldo Alckmin (PSB), Simone Tebet (MDB) e Fernando Haddad (PT), Reginaldo Lopes considera que Lula ainda poderá postular um novo mandato. “Ele chega com plenas condições de saúde, física, intelectual e política para decidir se ele quer ou não ser candidato à reeleição. Não sendo, seu legado será disputado por algumas eleições na frente.”
Veja trecho da entrevista: