O Partido Liberal (PL) ainda não sabe a essa altura se alcançará o objetivo de reeleger o presidente Jair Bolsonaro. Embora Bolsonaro tenha experimentado alguma recuperação nas últimas pesquisas, ele ainda aparece bem atrás do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas eleitorais. Mas o primeiro objetivo que o PL buscava com a filiação do presidente o partido comandado por Valdemar Costa Neto já está bem próximo de atingir. Terminada a movimentação de deputados que trocam de legenda no período da chamada janela partidária, o PL deverá ultrapassar até o final do mês o União Brasil e se tornar a maior bancada da Câmara.
A janela partidária começou no dia 3 de março. Deputados federais têm até o dia 1º de abril para mudar de partido na janela partidária. Como a eleição para deputado é proporcional, de acordo com a legislação eleitoral os mandatos desses parlamentares não pertence a eles, mas aos partidos. Numa situação normal, portanto, os partidos podem pedir esses mandatos de volta caso os parlamentares troquem de legenda. Por isso, a justiça eleitoral estabeleceu um período no qual essas trocas são permitidas sem provocar consequências. Nesse período de um mês, os deputados podem trocar de partido sem risco de perder o mandato. E a maior parte das mudanças que vêm acontecendo refere-se à migração de políticos que desejam aderir à mesma sigla onde está Jair Bolsonaro.
No último final de semana, o PL recebeu 16 novos deputados federais. Eles deixaram o União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, sigla em que o presidente Jair Bolsonaro foi eleito. O União também já perdeu outros três deputados para o Republicanos. A razão das mudanças é clara. Em 2018, Bolsonaro elegeu consigo uma série de deputados. Depois, rompeu com o PSL para tentar inicialmente formar seu próprio partido. Não conseguiu e ingressou no PL. Na mesma sequência, o PSL abandonou a base de Bolsonaro e tornou-se independente, o que ficou mais claro após a fusão com o DEM. Assim, deputados que seguiram fieis a Bolsonaro acabaram agora deixando a legenda.
Atualmente, a maior bancada da Câmara ainda é a do União Brasil. Mas o partido tende a se reduzir e perder essa posição para o PL De acordo com o analista político Antônio Augusto de Queiroz, Bolsonaro se consolida com uma base de aliados para fortalecer sua campanha de reeleição.
“Em 2023, o PL terá um tamanho tão grande quanto, ou maior que o da União Brasil. Isso beneficia mais o Bolsonaro porque ele se beneficia de votos do atual mandato e se cacifa num grande partido com grande votação e com fidelidade a ele para disputar a reeleição e também eleger uma grande bancada próximo ano”
Até esta segunda-feira (14), o União já recebeu cerca de 17 desfiliações. Enquanto isso, o PL, de Valdemar Costa Neto, já filiou pelo menos 15. Uma cerimônia de filiação dos novos deputados aconteceu, inclusive, no sábado (12), na sede do partido e contou com a presença de Jair Bolsonaro. O PL ainda espera filiar cerca de 10 deputados nesta semana.
Em 2018, no PSL, Bolsonaro elegeu 52 deputados e o partido tornou-se o segundo maior na casa. Em 2014, a sigla havia eleito apenas um deputado federal. O maior número de deputados federais eleitos pelo PSL se deu no Rio de Janeiro, 12 deputados, e em São Paulo, com 10.
Veja a lista de deputados que saíram do União Brasil durante a janela partidária até esta segunda-feira (14) confirmados pelo Congresso em Foco:
Alê Silva (MG) → Republicanos
Bibo Nunes (RS) → PL
Carlos Jordy (RJ) → PL
Carlos Henrique Gaguim (TO) → Republicanos
Coronel Chrisóstomo (RO) → PL
Daniel Freitas (SC) → PL
Hélio Lopes (RJ) → PL
Junio Amaral (MG) → PL
Loester Trutis (MS) → PL
Luis Miranda (DF) → Republicanos
Luiz Lima (RJ) → PL
Luiz Philippe De Orleans e Bragança (RJ) → PL
Marcelo Álvaro Antônio → PL
Márcio Labre (RJ) → PL
Nelson Barbudo (MT) → PL
Sanderson (RS) → PL
Sóstenes Cavalcante (RJ) → PL
Com a janela partidária, também é esperada a ida da deputada Bia Kicis (DF) e Carla Zambelli (SP). Todos integravam o União Brasil, partido originário da fusão do Democratas com o PSL.
Perda do União Brasil
Atualmente com a maior bancada da Câmara, o partido União Brasil, que está em seu primeiro ano de atuação, estima perder pelo menos 28 dos seus 81 deputados. O número estipulado pela diretoria do partido é baseado na bancada que já existia no PSL, ex-partido do presidente Jair Bolsonaro. A presidência da sigla prevê que aqueles que foram eleitos com o chefe do Executivo deixem a legenda neste período.
“Acredito que a gente possa ultrapassar 53 [deputados] com mandatos. Isso não tem nenhuma implicação para o partido porque 53 é o lucro original do PSL. Nós esperamos eleger 70 em outubro”, disse o presidente Luciano Bivar ao Congresso em Foco.
Antes das mudanças, o União Brasil tinha 81 deputados e contabilizava o maior número de cadeiras na Câmara. Logo atrás, encontrava-se o PT e o PL, ambos com 43.
Bolsonaro se filiou ao PL em 30 de novembro do ano passado, após dois anos sem legenda.
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