A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) divulgou um áudio atribuído à deputada Carla Zambelli (PSL-SP) em suas redes sociais. Na gravação, segundo a ex-líder do PSL, Zambelli tenta convencer uma assessora parlamentar de Joice a denunciar a deputada. Em troca, ela seria poupada de eventuais operações da Polícia Federal e ainda ganharia um cargo na liderança do PSL, que será ocupada por Felipe Francischini (PR).
“A gente vai denunciar na PGR, vai ter coisa de Polícia Federal, vai ter mandado de busca e apreensão de celular. Se você se dispor a pedir demissão, se dispor a contribuir e etc, fica melhor pra você, entendeu? Do que você de repente ser pega daqui há três ou quatro semanas em uma operação da Polícia Federal igual meus amigos foram, isso não é legal, é horrível, entendeu? Então assim, o Felipe Francischini falou que vai avaliar como está a situação da liderança e etc. Dependendo como for, você vai trabalhar na liderança do PSL”, diz a voz atribuída a Zambelli na gravação. A deputada não negou a veracidade do áudio.
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1- Dps da armação q @jairbolsonaro e seu bando fez contra mim forjando dossiê e corrompendo assessores (td plantado em veículos chapa-branca), a verdade APARECE! O plano era provocar uma operação da PF em cima de mim com mentiras. A criminosa Carla Zambelli confessa. Siga o fio pic.twitter.com/gaLbDRCavt
— Joice Hasselmann ANTI BOLSOLULA🇧🇷 (@joicehasselmann) June 8, 2020
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Na última sexta-feira (5), Joice foi apontada por uma reportagem da CNN Brasil, como sendo a responsável por ordenar a criação de perfis falsos nas redes sociais para se defender e atacar adversários. As informações foram dadas por dois supostos ex-funcionários do gabinete da ex-líder do governo no Congresso para a emissora.
PublicidadeA deputada respondeu via Twitter, afirmando que a denúncia era “patética e mentirosa”, além de ter sido veiculada “a mando do governo”.
Após essas denúncias, Carla Zambelli e Bia Kicis (PSL-DF) afirmaram que irão apresentar à Procuradoria-Geral da República uma denúncia contra Joice Hasselmann.
Em publicação em suas redes sociais nesta terça-feira (9), Joice afirmou que depois “da armação que Jair Bolsonaro e seu bando” fizeram contra ela, “corrompendo assessores”, a verdade aparece. Para Joice, a áudio vazado demonstra que o plano era, desde o início, provocar uma operação da Polícia Federal contra ela.
Joice afirmou que encaminharia o caso ao Supremo Tribunal Federal. A deputada chamou Zambelli, parlamentar com quem Joice tem antigos desafetos, de criminosa. “Coagiu, ameaçou com PF, ofereceu cargos no PSL. Disse que o próximo líder Felipe Francischini faz parte do esquema criminoso montado para falsamente me incriminar”, escreveu Joice, que disse não acreditar que o presidente da CCJ tenha concordado com isso.
Procurado, Felipe Francischini ainda não se pronunciou.
A equipe de Carla Zambelli afirmou que “a atitude da deputada Joice Hasselmann só demonstra seu desespero em tentar ‘camuflar’ sua ligação com recentes notícias veiculadas na imprensa. Sendo certo que, hoje, o povo brasileiro sabe quem é e o que deseja a referida parlamentar”. Questionada sobre a veracidade do áudio, nem Zambelli, nem sua assessoria se manifestaram.
Informações privilegiadas
Essa não é a primeira vez que Carla Zambelli fala sobre futuras ações da Polícia Federal. No último dia 25, a congressista afirmou em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Sul que teriam operações da PF contra governadores e prefeitos, para apurar desvios de verbas públicas no combate a covid-19. No dia seguinte, a Polícia Federal do Rio de Janeiro deflagrou uma operação contra um dos principais adversários políticos de Bolsonaro, o governador Wilson Witzel.
Ao Congresso em Foco, Zambelli afirmou que a fala sobre uma futura operação foi dita no sentido de acreditar que isso deva acontecer e não por ter informações privilegiadas. “Eu tenho uma crença de que vários governadores e prefeitos são corruptos. É uma questão de crença, não é uma questão de informação privilegiada. Eu luto contra a corrupção há muito tempo e eu sei como esse povo funciona. É óbvio que a gente vai ter alguma coisa nos próximos meses, porque é muito dinheiro rodando, quanto mais dinheiro rodando, maior a probabilidade de corrupção”, disse Zambelli.