A estratégia do presidente Jair Bolsonaro (PL) em conceder indulto ao deputado federal, Daniel Silveira (PTB-RJ), já havia sido pensada semanas antes do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir pela condenação do parlamentar por ataques à democracia e às instituições. O esboço do texto já estava pronto antes do julgamento, na quarta-feira (20). De acordo com reportagem de O Globo, a medida que protegeu o Silveira seria utilizada caso as investigações em curso no Supremo chegassem aos filhos do ex-capitão.
O vereador Carlos Bolsonaro, “filho 02” do presidente, é citado em um relatório da Polícia Federal que investiga a atuação de grupos organizados que disseminam ataques à democracia e mensagens de ódio nas redes sociais. Já o “filho 03”, deputado Eduardo Bolsonaro, foi alvo da CPMI das fake news no Congresso.
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O parlamentar bolsonarista foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão e à perda do mandato e dos direitos políticos por igual período. O entendimento de juristas ouvidos pelo Congresso em Foco é que o indulto do presidente livra Daniel Silveira da prisão, mas não afasta os efeitos secundários, como a cassação e a inelegibilidade.
Segundo o cientista político André Pereira César, o objetivo do presidente Bolsonaro é fortalecer o radicalismo da ala ideológica de seus eleitores. “O presidente fez um importante sinal à sua base eleitoral, reforçando os laços com o eleitor bolsonarista. As eleições se avizinham e Bolsonaro e seu entorno precisam movimentar a massa, para que ela cresça o suficiente ao ponto de garantir a reeleição”.