O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas disse que ele tem ficado “vencido” pelas decisões políticas do presidente Lula e dos ministros no Palácio do Planalto. Segundo Motta, o governo tem “vacilado” nas questões econômicas e tem “dificuldade em avançar” no controle dos gastos públicos.
As declarações foram feitas em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta sexta-feira (7).
Haddad não é o problema
O presidente da Câmara foi questionado sobre uma declaração do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que havia dito que o ministro da Fazenda era “fraco”. Hugo Motta foi por outro caminho: disse que Haddad é uma “grata surpresa no governo” e que “a agenda que ele defende é positiva”, mas que “muitas vezes ele fica vencido na decisão política tomada pelos ministros que estão no Palácio e, claro, pelo presidente da República. Isso não tem ajudado na condução da economia. Vamos procurar ajudar a agenda do ministro naquilo que concordamos”.
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Sobre o pacote de prioridades entregue por Haddad ao Congresso Nacional, Motta diz que a Câmara costuma ser receosa com projetos que aumentam a carga tributária. Segundo ele, “o problema não está apenas na arrecadação, mas na responsabilidade com os gastos públicos. É uma pauta que o governo tem dificuldade em avançar”.
Responsabilidade fiscal
Para Hugo Motta, o momento demanda discussão dos gastos públicos — uma crítica que o governo Lula vem recebendo com frequência. O presidente da Câmara defende que a gestão federal precisa tomar o cuidado de não ficar “refém de posicionamentos ideológicos” e diz que Lula corre o risco de se fechar em uma bolha, incorrendo no mesmo erro de Jair Bolsonaro.
“Não adianta Lula fazer o que Bolsonaro fez e ficar o tempo todo falando para uma bolha que o faz errar. Não tem governo que traga crescimento sem discutir responsabilidade com as contas públicas.”
Na entrevista, Motta cita a proposta de aumentar a faixa de pessoas isentas do imposto de renda: “Quem não quer aprovar isenção para a grande maioria da população? É pauta fácil de ser votada. Mas qual será a consequência? Vai trazer mais estabilidade fiscal? As pessoas estão recebendo o salário mínimo, mas não conseguem encher o prato em casa. Temos um cenário de alta de alimentos, com moeda fraca, poder de compra da população sendo corroído.”