Em encontro com integrantes da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chamou colegas de incompetentes, referiu-se ao ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) como “burro” e disse que se questiona, às vezes, por que está no governo. O relato da conversa foi publicado na edição desta quarta-feira (27) da coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
Segundo a coluna, Guedes disse que há muita incompetência na gestão do dinheiro público, que ministros não executam os recursos disponíveis e deixam valores parados, sem utilização. Conforme o relato da publicação, ele atacou outros dois ministros: Onyx Lorenzoni (Trabalho) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional). Disse, ainda, que quem decide para onde vai o dinheiro do governo é a Casa Civil, comandada por Ciro Nogueira, um dos principais líderes do Centrão.
Os parlamentares da Comissão de Ciência e Tecnologia reivindicavam a retomada de R$ 600 milhões de recursos retirados do ministério de Marcos Pontes. Participaram do encontro com o ministro da Economia deputados da base e da oposição.
De acordo com a Folha, Guedes se referiu a Pontes, até hoje único brasileiro a viajar para o espaço, como astronauta e disse que ele não entende nada de gestão.
“Guedes criticou a reclamação em questão, sobre o corte nos valores da pasta, dizendo que cerca de 50% da execução orçamentária até agora não foi feita. Ele se queixou das prioridades do ministério, afirmou que sempre defendeu o investimento em ciência, mas que o dinheiro foi parar em ‘foguetes’. Nesse momento, usou a palavra ‘burro’ para classificar o gestor”, relata a coluna.
O ministro apontou Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) como exemplo positivo de boa gestão no governo. Segundo ele, tudo que entra na pasta sai logo em seguida para investimentos na área. Entre os exemplos negativos, ele citou Marinho e Onyx.
PublicidadeGuedes concordou com a crítica feita por um parlamentar de que Onyx preocupava-se em gastar dinheiro fazendo campinhos de futebol e campeonatos no Sul do país. O ministro disse que a questão era que havia preocupação com distribuição de medalhas e troféus em vez de se pensar em outras prioridades.
Ainda conforme os relatos divulgados pela Folha, o ministro disse que tentaram derrubá-lo em meio à crise provocada pelo rompimento do teto de gastos e que a todo momento tentam responsabilizá-lo pelos fracassos do governo. “Às vezes eu mesmo me pergunto o que estou fazendo aqui.”
No último dia 10, Marcos Pontes criticou o corte de verbas para a ciência feitas contra sua pasta, que perderá 92% do valor destinado à pesquisas nos mais diversos campos. No Twitter, o ministro-astronauta indicou que não sabia dos cortes, e que tais reduções seriam uma “falta de consideração”.
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Evair de Melo (PP-ES) disse ao Painel que Guedes não estava irritado na reunião com integrantes da Comissão de Ciência e Tecnologia, mas agoniado, e que suas falas foram no sentido de incentivar os apoiadores da gestão Bolsonaro. “Isso é como time de futebol. Não tem ninguém ofendendo ninguém, não. Quem te passou isso passou em um tom jocoso e de maldade. Isso é palavra no dia a dia de uma empresa. Nós viemos do setor privado. Se alguém te passou isso, passou para achar coisa contra o governo”, disse o vice-líder governista.
Ministro diz que corte de 92% da verba da ciência é “falta de consideração”
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