O processo iniciado pelo governo em setembro de distribuição de ministérios ao PP e Republicanos para que façam parte de sua base na Câmara dos Deputados surtiu resultados visíveis. Pouco mais de dois meses depois, os dados do Radar do Congresso indicam uma crescente no grau de governismo desses dois partidos. No Senado, porém, a tendência é contrária: as duas bancadas se afastam do governo desde o início do semestre, e essa divergência demonstra apenas aumentar.
Na Câmara, o PP mantém, desde junho, um movimento lento, porém constante, de estreitamento de laços com o governo. Iniciando o semestre com 61% de governismo, o partido encerrou o mês de setembro, quando assumiu o Ministério do Esporte, com 72%. Na última atualização, de 31 de outubro, o partido convergiu um pouco mais com a base, alcançando o atual índice de 74%.
No Republicanos, a adesão ao governo segue acontecendo de forma mais acelerada. Entre os meses de junho e setembro, o partido que assumiu o controle do Ministério de Portos e Aeroportos partiu de 59% para 74% do governismo. Nos meses seguintes, até o último levantamento, esse índice subiu para os atuais 77%, superando em 3% o PP.
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No Senado, porém, o governismo nos dois partidos evoluiu no sentido oposto. O Republicanos abriu o semestre com 82% de governismo, valor que despencou em setembro, quando essa margem de apoio caiu para 62%. Até o final de outubro, outra queda foi observada, chegando a 57%.
Se o governismo do PP evoluiu de forma ligeiramente mais lenta na Câmara, o mesmo se observou no ritmo de sua queda no Senado. Até o mês de junho, a sigla manteve 80% de convergência com o governo, valor caiu para 61% em setembro. Mesmo com a reforma ministerial, a bancada manteve o distanciamento, chegando aos atuais 59% de governismo.
Apesar de compor blocos parlamentares distintos na Câmara, PP e Republicanos formam no Senado um único bloco, o Aliança, com 10 senadores. Suas bancadas na Câmara são amplas e heterogêneas, atuando sob forte influência do presidente Arthur Lira (PP-AL) e do vice-presidente Marcos Pereira (Republicanos-SP), ambos interessados, desde o início da atual legislatura, em se aproximar do governo para aumentar a força de seus partidos.
PublicidadeNo Senado, as bancadas dos dois partidos são enxutas, e fortemente influenciadas por aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Com quatro senadores, o Republicanos conta com a ex-ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves (DF), bem como o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (RS). A bancada do PP, com seis membros, é liderada por Tereza Cristina (MS), ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, e Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do partido, ex-ministro da Casa Civil e opositor radical do presidente Lula.