Um grupo de oito profissionais de saúde protocolou nesta sexta-feira (5) na Câmara dos Deputados um novo pedido de impeachment contra o presidente da República Jair Bolsonaro.
O documento é assinado por nada menos que:
- o fundador e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina;
- o ex-ministro da Saúde no governo Lula José Gomes Temporão;
- a epidemiologista e pesquisadora Ethel Leonor Noia Maciel;
- a ex-diretora da Far-Manguinhos (Fiocruz) e especialista em em tecnologia farmacêutica e saúde pública Eloan dos Santos Pinheiro;
- o médico e 1º secretário da Sociedade Brasileira de Bioética, Reinaldo Ayer de Oliveira;
- o médico, advogado e pesquisador do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP Daniel de Araújo Dourado;
- o pneumologista Ubiratan de Paula Santos;
- o médico sanitarista Ricardo Oliva.
Logo na primeira página do documento, são citadas frases ditas por Bolsonaro em meio à pandemia:
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- “Se você tomar vacina e virar jacaré, é um problema de você, pô.”
- “Pelo Supremo Tribunal Federal, eu tinha que estar na praia, tomando uma cerveja.”
- “Não sou coveiro, tá?”
- “E daí?”
Foi o primeiro pedido de impeachment protocolado contra Bolsonaro na gestão de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara. O antecessor, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou o cargo com mais de 60 pedidos de impeachment contra o presidente da República na gaveta.
“Em meio à maior emergência de saúde pública dos últimos cem anos, o Sr. JAIR MESSIAS BOLSONARO, para sua conveniência política pessoal, usou seus poderes legais e sua força política para desacreditar medidas sanitárias de eficácia comprovada e desorientar a população cuja saúde deveria proteger”, diz o pedido.
O grupo afirma também que Bolsonaro usou o cargo para interferir no trabalho técnico do Ministério da Saúde para que a pasta promovesse o que chamam de “tratamento precoce” – sabidamente ineficaz – e também dificultasse a aquisição de vacinas.
Publicidade“Resta evidente que o Sr. JAIR MESSIAS BOLSONARO politizou criminosamente a política federal de combate à pandemia de Covid-19, para obter vantagem política para si e prejudicar politicamente outras autoridades que ele trata como inimigas — de ministros de Estado que foram demitidos a governadores e prefeitos por ele atacados”, diz o documento.
O pedido afirma ainda que Bolsonaro ” viola incessantemente a dignidade, honra e decoro da Presidência da República o mais elevado cargo político da República para disseminar mentiras, propagar desinformação sanitária e projetar dúvidas sobre a higidez de vacinas, também para o que julga ser seu benefício político pessoal”.
Ao fim, o grupo lista uma série de testemunhas que podem ser ouvidas caso o processo de impeachment avance na Casa:
- Luiz Henrique Mandetta – Ex-Ministro da Saúde;
- Dimas Tadeu Covas – Diretor do Instituto Butantan;
- Carlos Murillo – Presidente da Pfeizer no Brasil;
- Clóvis Arns da Cunha – Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia;
- Karine de Souza Oliveira Santana – Professora de Saúde Coletiva na Escola Baiana de Medicina
e Saúde Pública; - Margareth Dalcolmo – Cientista e pesquisadora da Fiocruz;
- Miguel Nicolelis – Coordenador da Comissão Científica do Consórcio Nordeste para Combate ao
Coronavírus.
Leia a íntegra do pedido:
> Brasil pode ter 2021 pior que 2020 mesmo com vacina, diz ex-presidente da Anvisa
> Anvisa sugere veto a trecho de MP que dá 5 dias para agência liberar vacina