O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, aproveitou seu discurso inicial na CPI da Covid para atacar o presidente Jair Bolsonaro e a para se defender do processo de destituição do cargo que sofreu.
Ex-aliado no presidente da República e eleito na onda de Bolsonaro nas eleições de 2018, Witzel afirmou que o chefe do Planalto não dialogou com governadores para conter a crise da pandemia de covid-19. De acordo com o ex-governador, nas duas reuniões em que esteve com Bolsonaro e prefeitos para tratar sobre a epidemia de coronavírus, se viu desamparado para comprar equipamentos.
“Os governadores, prefeitos de grandes capitais, prefeitos de pequenas cidades, ficaram totalmente desamparados do apoio do Governo Federal. Isso é uma realidade inequívoca, que está documentada em várias cartas que nós encaminhamos ao presidente da República. E o fórum de governadores que eu integrava, como um dos organizadores, ao lado do governador João Doria, fizemos vários pedidos ao presidente para reunião.”
Em seu discurso, Witzel afirmou acreditar que o início do seu processo de impeachment se deu a partir do momento em que, enquanto governador, a Polícia Federal iniciou as investigações do caso da vereadora Marielle Franco, morta a tiros no Rio de Janeiro em 2018.
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“Quando foram presos os dois executores da Marielle o meu calvário e a perseguição contra mim foram inexoráveis. Ver um presidente da República, numa live lá em Dubai, acordar na madrugada pra me atacar, pra dizer que eu estava manipulando a polícia do meu Estado, ou seja, quantos crimes de responsabilidade esse homem vai ter que cometer até que alguém o pare?”, disse.
O senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ),filho do presidente Jair Bolsonaro, que participa da CPI como parlamentar não membro, pediu questão de ordem para defender que o afastamento de Witzel do cargo de governador foi uma decisão da Justiça.
Witzel foi afastado do cargo pela justiça em setembro do ano passado por suspeita de corrupção na área da saúde durante a construção de hospitais de campanha no Rio. Ele sofreu um processo de impeachment no dia 30 de abril deste ano. Os direitos políticos do ex-governador também foram caçados por cinco anos.
O senador Jorginho Mello (PL-SC),aliado do presidente da República, chegou a interromper Witzel para questionar se ele estava em palanque político.
Os requerimentos de convocação de Wilson Witzel foram dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Havia expectativa do senador vice-presidente da CPI de que o ex-governador explicasse as perseguições políticas que Witzel diz ter sofrido.
Bate-boca
Em depoimento tenso desde o início, Witzel chegou a dizer que corria risco de morte. Randolfe Rodrigues sugeriu que o depoimento do ex-governador fosse feito de maneira sigilosa. Houve bate-boca entre Witzel e o senador Flávio Bolsonaro, que acompanhava a sessão e também discutiu com colegas da Casa. O ex-governador do Rio de Janeiro negou o depoimento em reservado.
Witzel afirmou que a presença de Flávio Bolsonaro não o intimidava, mas solicitou que ele tivesse respeito. “Se você fosse mais educado e menos mimado você ouviria”, disse ao filho do presidente.
No entanto, Witzel prometeu, de forma sigilosa, detalhar a perseguição política que sofreu.
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