As falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, aqueceram o clima da sessão da Câmara desta terça-feira (18). Após um ato de repúdio ao seu pai, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deu uma banana para as deputadas.
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“Para além da robalheira que esse pessoal da esquerda que cometeu, que revoltou tanto as pessoas, esse tipo de discurso também revolta. A deputada diz que fala em nome de todas as mulheres. Calma aí, será que não tem mulher aqui comigo não? Uma banana. Em nome de todas as mulheres uma banana”, disse, cercado de deputadas bolsonaristas.
O clima começou a aquecer quando um grupo de deputadas realizou um ato de repúdio a Bolsonaro, que fez insinuações sexuais contra a repórter da Folha na manhã de hoje. “Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse.
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“Nós falamos em nome das mulheres brasileiras desrespeitas por um presidente machista, que ataca a liberdade de imprensa e desrespeita o conjunto das mulheres brasileiras”, disse a líder do Psol, Fernanda Melchiona (RS).
“Essa fala desrespeitosa não condiz com a fala de um presidente e não condiz com a altura e o tamanho do Brasil. Infelizmente o Brasil deu uma fraquejada e tem um presidente machista no Palácio do Planalto”, completou.
Ao terminar o ato de repúdio, as congressitas foram vaiadas por deputados bolsonaristas. Em seguida, Eduardo subiu na tribuna e rebateu as críticas ao seu pai. Cercado das deputadas do PSL Bia Kicis (DF), Caroline de Toni (SC), Soraya Manato (ES), major Fabiana (RJ) e Chris Tonietto (RJ), ele questionou como as parlamentares poderiam estar falando “em nome de todas as mulheres”.
Eduardo aproveitou o momento para criticar a líder do PT na Câmara, Gleisi Hoffmann (RS), mencionando que seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, foi preso no passado. “Seu marido foi preso mesmo, não foi? Ah, ladra ai, daqui a pouco vai ser preso também”, disse.
O líder do PSL também questionou onde as parlamentares estavam quando “o Lula falou as mulheres de grelo duro”. “Isso aqui não passa de discurso político, isso aqui é a imposição do politicamente incorreto para calar a boca do presidente Bolsonaro”, afirmou.
Psol aciona Conselho de Ética
Após a sessão tumultuada, deputados do Psol anunciaram que vão acionar o Conselho de Ética da Presidência da República contra a fala de Bolsonaro.
De acordo com eles, “os ataques aos jornalistas empreendidos pelo Presidente são incompatíveis com os princípios da democracia, cuja saúde depende da livre circulação de informações e da fiscalização das autoridades pelos cidadãos. As agressões cotidianas aos repórteres que buscam esclarecer os fatos em nome da sociedade são incompatíveis com o equilíbrio esperado de um Presidente”.
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