O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC) cobrou de parlamentares eleitos na onda de popularidade de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que apoiem publicamente a reforma da Previdência. Em publicação feita nesta manhã (26) no Twitter, Carlos disse que a “esmagadora maioria” dos “deputados eleitos por Bolsonaro” “nem toca no assunto”.
Gostaria de ver mais deputados eleitos por Bolsonaro defendendo a não tão popular, mas necessária proposta da nova previdência. Sabemos que alguns já o fazem, mas qualquer um vê que a esmagadora maioria nem toca no assunto. Um time tem que jogar junto interessado só no Brasil!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) 26 de fevereiro de 2019
Carlos fixou no alto de seu perfil no Twitter o vídeo do pronunciamento feito em cadeia de rádio e TV por seu pai na noite de quarta-feira em defesa da reforma. “Assista aqui, tire muitas dúvidas e desminta muitas desinformações divulgadas propositalmente”, escreveu o vereador.
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Na semana passada a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), cotada para assumir a liderança do governo no Congresso, também reclamou do comportamento de alguns aliados de Bolsonaro em relação à reforma da Previdência.
Publicidade“Deputados que juraram amor eterno ao presidente agora se afastam. Se o texto é muito duro, a gente começa a discutir em cima do texto duro e começa a apanhar em cima dele”, disse ao Congresso em Foco.
Em decorrência da pouca ascensão sobre os parlamentares do líder do governo na Câmara, Major Victor Hugo (PSL-GO), Bolsonaro tem delegado ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o papel de principal articulador do Planalto para a aprovação da reforma. Maia adiantou ontem dois pontos que deverão sofrer alterações para que a proposta seja votada: as mudanças na aposentadoria dos trabalhadores rurais e no benefício de prestação continuada (BPC), que é pago a idosos pobres e a pessoas com deficiência.
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Derrubada de Bebianno
Considerado o filho mais próximo do presidente, Carlos é visto também como espécie de porta-voz informal do pai. Ele foi o pivô da demissão do ministro Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, ao chamá-lo de mentiroso por ter dito, em entrevista ao Globo, que havia conversado com Bolsonaro três vezes na véspera.
Ele divulgou, inclusive, o áudio de uma gravação em que o presidente diz ao então assessor que não poderia conversar por estar se recuperando da cirurgia de reconstituição do intestino, em decorrência dos ferimentos provocados pela facada que sofreu em 6 de setembro em Juiz de Fora (MG). Bolsonaro retuitou as mensagens do filho.
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Gravações publicadas pelo site da revista Veja mostraram, no entanto, que Bebianno e o presidente trocaram, sim, outras mensagens naquele mesmo dia.
Desafeto de Carlos, o ex-ministro presidiu o PSL durante a campanha presidencial a pedido de Bolsonaro, de quem era advogado. Ele é suspeito de ter repassado R$ 400 mil a uma candidata laranja em Pernambuco. O presidente alegou “foro íntimo” para justificar a queda do antigo homem de confiança. Segundo interlocutores, Bolsonaro se sentiu traído por Bebianno, a quem acusa de ter repassado as gravações a repórteres.
O ex-ministro nega ter praticado qualquer ilegalidade e diz que Carlos Bolsonaro fez “macumba psicológica” no pai para demiti-lo.
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