O último final de semana, entre os dias 13 e 14, foi marcado por uma onda de violência armada contra comunidades indígenas no Centro-Sul do país. Seis aldeias, nos estados de RS, MS e MG, foram atacadas em um intervalo de menos de 48 horas. Em resposta, a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG), coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, oficiou o presidente Lula e seis ministérios diferentes. Ela também cobrou a Procuradoria-Geral da República respostas sobre as ações do Executivo para lidar com a crise.
Um dos ataques citados no ofício foi contra a aldeia Pekuruty, em Eldorado do Sul (RS). A comunidade já havia denunciado ao Executivo um ataque, que aconteceu em maio. “Segundo o relato de lideranças Guarani Mbya, era noite quando uma camionete parou no acostamento da BR 290, em frente ao acampamento indígena. Os disparos foram ouvidos em seguida, sucedidos, em poucos segundos, pela saída do carro em alta velocidade”, descreveu a deputada sobre o último atentado.
No Paraná, a aldeia Tatury, do povo Avá-Guarani, fazendeiros cercaram a comunidade e atropelaram quatro indígenas com suas caminhonetes. De acordo com a deputada, o último relato, de segunda-feira (15), foi de que as vítimas seguem sem atendimento médico, e a Força Nacional de Segurança enviou apenas duas viaturas para patrulhar o local.
Leia também
“Apesar das diferenças, uma coisa une todas essas situações: nenhuma das aldeias teve ainda seu processo de demarcação concluído. A insegurança jurídica deixa as famílias indígenas mais vulneráveis aos movimentos armados, e, com especial destaque, ao movimento ‘Invasão Zero’”, comentou a deputada. O movimento em questão foi o mesmo associado ao ataque, em janeiro, aos indígenas do povo Pataxó-hã-hã-hãe, na Bahia, que resultou na morte da líder Nega Pataxó.
Célia Xakriabá ressalta que não há dúvida a respeito do objetivo dos ataques. “As ameaças físicas, simbólicas, pelas vias judiciais e demais frentes são usadas como ferramentas distintas para atingir um mesmo objetivo: expulsar os indígenas de seus territórios tradicionais”.
Para a deputada a onda de violência é especialmente apreensiva nas comunidades no Rio Grande do Sul, “assolado por uma calamidade pública em razão da invisibilização dos impactos das enchentes sobre mais de 80 territórios indígenas”. Ela também cita a preocupação com o Mato Grosso do Sul, “que até poucos anos atrás ocupava o infeliz posto de segundo estado com o maior número de indígenas assassinados”.
PublicidadeConfira a íntegra do ofício: