Coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol criticou nesta quinta-feira (10) a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de determinar que a votação para a escolha das presidências e outros cargos das Mesas Diretoras do Senado e da Câmara seja secreta.
Em comentário publicado no Twitter, Dallagnol disse que o sigilo favorece Renan, prejudica a pauta anticorrupção no Congresso e nega ao eleitor o direito de saber o comportamento dos parlamentares que elegeu.
“Decisão de Toffoli favorece Renan, o que dificulta a aprovação de leis contra a corrupção, pois a presidência do Senado decide pauta (o quê e quando será votado). Diferentemente de juízes em tribunais, senadores são eleitos e têm dever de prestar contas. Sociedade tem direito de saber.
Nessa quarta-feira, Toffoli rejeitou dois pedidos para que a votação para a eleição da Mesa Diretora da Câmara e do Senado fosse aberta. O ministro argumentou que essa é uma decisão que cabe ao Parlamento e não ao Judiciário.
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Favorecido pelo sigilo
Em razão das suspeitas que pairam sobre Renan, vários senadores avaliam que a votação fechada fortalece sua candidatura. A votação aberta, por esse mesmo raciocínio, criaria constrangimentos a apoiadores do ex-presidente do Senado e poderia tirar votos dele.
Depois de renovar seu mandato por mais oito anos nas eleições de outubro, Renan tem articulado sua candidatura ao comando do Senado, embora publicamente negue a pretensão de concorrer.
A disputa pelo comando da Casa já tem seis nomes: além de Renan, Tasso Jereissati (PSDB-CE), Major Olimpio (PSL-SP), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Alvaro Dias (Podemos-PR) e Esperidião Amin (PP-SC).
Em entrevista ao Congresso em Foco, a líder do MDB, Simone Tebet (MS), admitiu a possibilidade de se candidatar, desde que esse seja o desejo de sua bancada. “O mais importante é a decisão da bancada”, disse a senadora. Tasso já declarou publicamente que abriria mão de concorrer caso Simone fosse a candidata do MDB. O tucano é o nome preferido dos senadores que se autodeclaram independentes em relação ao governo.
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Histórico
O presidente Jair Bolsonaro e aliados não confiam em Renan e acreditam que ele poderá criar dificuldades para o governo. Além disso, não querem se associar à imagem do senador, que renunciou à presidência do Senado após um bombardeio de denúncias em 2007, e é alvo de 13 investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), a maioria decorrente da Operação Lava Jato. Renan apoiou Fernando Haddad (PT) contra Bolsonaro na corrida presidencial.
Como mostrou ontem o Congresso em Foco, Renan mandou a gráfica do Senado imprimir um livro com quase 500 páginas em que defende sua biografia, critica a imprensa, dá conselhos aos novos parlamentares e fala da importância do uso das redes sociais pelos políticos. Na publicação, Renan é apresentado como um “senador moderno”, vítima de perseguições.
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