A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas rejeitou nesta terça-feira (3) o requerimento que pede o depoimento do comandante da Força Nacional de Segurança Pública, Sandro Augusto Salles Queiroz, antes do término da Comissão que se dedica a investigar o processo que culminou na tentativa de golpe de estado do dia 8 de janeiro de 2023. A negativa ocorreu por 14 votos contra 10.
O presidente da CPMI, Arthur Maia (União-BA) vinha insistindo há mais de duas na convocação de Queiroz em função da pressão exercida por parlamentares da oposição. Ele alega que a presença do comandante é crucial por uma questão de isonomia, já que diversos nomes que da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar e das Forças Armadas foram ouvidos, algo que, segundo o presidente, favorece a base do governo.
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A votação do requerimento provocou uma discussão acalorada entre os congressistas da CPMI. De acordo com o deputado Duarte Jr. (PSB-MA), Queiroz não estava nem sequer de plantão no dia 8 e há documentos que comprovam isso. O deputado afirmou que o comandante “simplesmente sumiu” e não estava na Esplanada.
Duarte citou que a vinda de Queiroz seria apenas conveniente para a oposição porque o comandante possui ligações com os jornalistas Augusto Nunes e Alexandre Garcia, bem como com políticos, como a deputada Bia Kicis (PL-DF) e o ex-deputado inelegível Deltan Dallagnol. Em seguida, o deputado cobrou o presidente pela manutenção do acordo estipulado pelo próprio Maia, em que requerimentos seriam pautados se houvesse consenso entre as partes.
“Há ampla divergência. Ele [Queiroz] fugiu e não exerceu suas funções. Cumpra as regras que o senhor mesmo fixou porque não adianta, nos 45 minutos do segundo tempo, enquanto o time da oposição está tomando goleada, tentar trazer alguém sem argumento”, disse Duarte, que acrescentou o nome do Capitão Marcos Vinícius como o responsável pela Força Nacional diante da ausência de Queiroz, militar do Pará.
Já a senadora Soraya Thronicke afirma que o substituto do comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional de Segurança Pública era Edson Gondim Silvestre. Ela pediu a convocação de Silvestre via requerimento.
PublicidadeO deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) acusou os parlamentares do governo de blindarem o ministro da Justiça, Flávio Dino, porque no dia 8 havia sete pelotões da Força Nacional atrás do prédio do Ministério da Justiça. “A Força estava escondida e fugiu do trabalho.”
Consenso na CPMI
A votação do requerimento na CPMI ocorreu em decorrência de um questionamento feito pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) e pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) após Maia anunciar que faria uma reunião na sede do PDT na quarta-feira (4), às 11h, para tentar pela última vez um consenso entre os membros do colegiado misto para convocar o comandante da Força Nacional de Segurança, Sandro Augusto Salles Queiroz, a pedido da oposição.
Correia questionou a vinda de Beroaldo José de Freitas Júnior, policial militar que atuou na defesa do Congresso Nacional no dia 8 de janeiro, na próxima quinta-feira (5). Para Correia, o depoimento de Beroaldo seguiria a mesma linha da oitiva de Marcela da Silva Morais Pinno, que foi jogada de uma altura de três metros por manifestantes bolsonaristas na data dos ataques e, portanto, seria redundante.
Correia exigiu a presença do general Walter Braga Neto, ex-ministro da Casa Civil e candidato à vice-presidência de Jair Bolsonaro em 2022. Jandira pediu que fossem também votados os pedidos de obtenção de Relatório de Inteligência Financeira do ex-presidente da República e da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro.
Maia disse ao deputado Rogério Correia que ele estava mais preocupado com suas conveniências políticas, mas admitiu que por mais que houvesse uma “insistência obsessiva” da presidência da CPMI em convocar a Força Nacional de Segurança, o esforço vinha sendo em vão.