A CPMI dos Atos Golpistas decide os rumos da reta final da investigação que procura definir os articuladores, financiadores e omissos responsáveis pelos atos de 8 de janeiro nesta terça-feira (3). Assim sendo, o colegiado misto ouve o empresário Argino Bedin, investigado como possível financiador das ações que destruíram as sedes dos Poderes em Brasília por insatisfação de bolsonaristas em relação ao resultado das eleições do ano passado.
Na segunda-feira (2), a defesa de Bedin requisitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o empresário pudesse se ausentar da oitiva. No entanto, o ministro Dias Toffoli negou o pedido, mas concedeu ao depoente o direito de ser assistido por um advogado durante a sessão, bem como o direito de se manter calado diante da possibilidade de se autoincriminar.
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A comissão ainda deve decidir por voto quem serão os próximos depoentes antes do término da CPMI, cujo relatório deve ser entregue no dia 17 de outubro. O prazo final da comissão é o dia 20 de novembro.
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O deputado Carlos Veras (PT-PE) pontuou no requerimento que pede o comparecimento de Bedin que o empresário figurou na lista de investigados como um dos indivíduos que teria arcado com custos para viabilizar a ida de milhares de pessoas à Praça dos Três Poderes no dia 8. Bedin é a vigésima pessoa a depor na CPMI. Ele foi vereador na cidade de Sorriso (MT) pelo PMDB de 1987 a 1988.
“Conhecido no estado de Mato Grosso como ‘pai da soja’, Argino Bedin é um latifundiário sócio de pelo menos nove empresas e teve as contas bloqueadas por decisão do ministro Alexandre de Moraes [do Supremo Tribunal Federal].”
PublicidadeO município de Sorriso registrou mais da metade das pessoas que tiveram bens bloqueados pelo STF por suspeita de participação nos atos antidemocráticos por meio de financiamento de ações golpistas. Ao todo, 24 pessoas tiveram bens bloqueados na cidade, cujo principal motor econômico é o agronegócio. A família Bedin teria doado cerca de R$ 200 mil para a campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro, que visitou Sorriso em setembro de 2020 e tirou uma foto ao lado de Argino.
O deputado Arthur Maia (União-BA), presidente da CPMI, reforçou na semana passada que há só mais três depoimentos previstos antes do término da comissão. Portanto, segundo o presidente, seria fundamental convocar quem foi apontado como financiador do 8 de janeiro porque até agora a CPMI não ouviu ninguém nesse sentido.
No início de junho, a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), apresentou uma lista de convocados com mais de 30 nomes para prestar depoimento. Bedin já constava da lista. Confira abaixo, em negrito, quem da lista foi ouvido pela comissão.
– Lista de convocados para prestar depoimento apresentada como anexo ao plano de trabalho da relatora Eliziane Gama:
- Adauto Lucio de Mesquita
- Ainesten Espírito Santo Mascarenhas
- Ailton Barros
- Alan Diego dos Santos – cancelada por falta de quórum
- Albert Alisson Gomes Mascarenhas
- Anderson Torres, ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil e ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
- Antônio Elcio Franco Filho
- Argino Bedin – a ser ouvido nesta terça
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-Ministro-Chefe de Segurança Institucional do Brasil
- Diomar Pedrassani
- Edilson Antonio Piaia
- Fábio Augusto Vieira, ex-Comandante da Polícia Militar do Distrito Federal
- Fernando de Souza Oliveira, ex-Secretário Executivo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
- George Washington de Oliveira Sousa – envolvido no atentado terrorista no aeroporto de Brasília
- Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP)
- Jeferson Henrique Ribeiro Silveira
- Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal
- Jorge Teixeira de Lima, Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
- José Carlos Pedrassani
- Joveci Xavier de Andrade
- Júlio Danilo Souza Ferreira, ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
- Leandro Pedrassani
- Leonardo de Castro Cardoso, Diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado (Decor) da Polícia Civil do Distrito Federal
- Marcelo Fernandes, Delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
- Márcio Nunes de Oliveira, ex-DiretorGeral da Polícia Federal
- Marco Edson Gonçalves Dias, ex-Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República
- Marília Ferreira de Alencar, então Subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal – FALTOU por habeas corpus concedido pelo STF.
- Mauro Cid, ocupante do cargo de Ajudante de Ordens da Presidência da República à época dos fatos preparatórios do fato determinado desta CPMI
- Milton Rodrigues Neves, Delegado da Polícia Federal
- Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PMDF
- Ricardo Garcia Cappelli, hoje Secretário-Executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública e ex-Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (interino) e ex-Interventor Federal na Segurança Pública do Distrito Federal
- Roberta Bedin
- Robson Cândido da Silva, Delegado-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
- Silvinei Vasques, ex-Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal, como testemunha, sob compromisso, dos atos ocorridos no Brasil durante o dia 30 de outubro de 2022, notadamente as blitze ocorridas em rodovias federais
- Valdir Pires Dantas Filho, Perito da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), responsável pela elaboração do Laudo nº 11.534/2022 – IC/PCDF
- Wellington Macedo de Souza – envolvido no atentado terrorista no aeroporto de Brasília