Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpista na terça-feira (20), o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou ter 23 processos por improbidade administrativa e medidas disciplinares acobertados pelo ex-corregedor da PRF, Wendel Benevides Matos, indicado pela gestão Bolsonaro e exonerado em 5 de abril por conduta parcial. Esse foi apenas um dos vários questionamentos feitos durante a comissão nesta terça.
“Foi uma ilegalidade cometida contra Wendel, uma autoridade em corregedoria no Brasil. Desde o dia de minha aposentadoria não fui notificado acerca de qualquer processo. O que se fala na imprensa não é verdade. Nunca houve sigilo de 100 anos sobre processos”, respondeu Vasques na condição de testemunha.
Vasques também foi questionado pela relatora da Comissão, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), sobre a existência de um processo na área civil na justiça do Rio do Janeiro, fruto de denúncia do Ministério Público Federal, que acusa o ex-diretor de usar as próprias redes sociais no ano passado para endossar a candidatura do então presidente Jair Bolsonaro, o que configura desvio de finalidade e uso de símbolos e imagens da PRF para chancelar o ex-presidente.
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“Nunca cometi crime eleitoral. Nunca fui a uma festa da filha dele. Tinha relação muito profissional [com Bolsonaro], foi o único [presidente] a dar autorização para tirar foto com ele. Algumas vezes me ligou para tratar de problemas em rodovias e atender a pedido de caminhoneiros. Não tenho nenhuma relação íntima. Quando estive no palácio fui pedir aumento para categoria, que ele atendeu”, disse o ex-diretor geral.
Eliziane citou um esquema de cobrança de propina de guinchos realizado em duas rodovias de Santa Catarina nos anos 1990, em que Vasques foi acusado de participar e ameaçar dar um tiro na testa de um operador de guincho que se recusou a pagar. O depoente afirmou que ao quebrarem seus sigilos não foi encontrado qualquer prova que o incriminasse.
Já sobre uma agressão física a um frentista em Goiás, na cidade de Cristalina, que se recusou a lavar uma viatura de Vasques ao abastecer em um posto de gasolina, Vasques confirmou que foi condenado em primeiro grau na justiça federal a pagar R$ 71 mil em danos morais ao frentista.
Outro questionamento levantado foi sobre uma licitação que ocorreu no período em que Vasques era superintendente no Rio de Janeiro no valor de R$ 36 milhões para 69 carros blindados, caveirões, a serem utilizados na cidade. A empresa que ganhou é a Combat Armor Defense, fundada em 2019. Vasques assumiu que enviou currículo para trabalhar na empresa cujo um dos diretores participou dos atos no Capitólio de Washington, em 6 de janeiro de 2020. Eliziane afirmou que laudos reprovavam a aquisição dos veículos da empresa que aumentou o faturamento em 2000%, segundo a senadora.