Deputados de oposição estão angariando assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os esquemas de rachadinha envolvendo Fabrício Queiroz. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi preso na semana passada na casa do advogado Frederick Wassef.
Segundo o líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), a coleta de assinaturas está caminhando a passos largos e conta com apoio de deputados de centro. “Tá andando bastante rápido inclusive com partidos do centro. Com exceção da extrema-direita. Eu acho que essa CPI vai embarcar”, afirmou para o Congresso em Foco.
O número mínimo necessário para instalar uma CPI é de 171 parlamentares na Câmara e 27 no Senado. Enio não confirmou a quantidade de assinaturas já coletadas, mas afirmou que há adesão entre os mais variados partidos.
A instalação da CPI depende do aval do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) abrir a comissão. Mesmo com as assinaturas necessárias, para uma comissão investigativa ser aberta, o presidente da Casa precisa estar de acordo.
Leia também
“O Maia é muito cauteloso”, disse Enio Verri, que acredita que após a aprovação do adiamento das eleições, o presidente da Câmara deve dar uma resposta sobre o assunto.
O líder do PT afirma ainda, que a CPI “visa apurar o envolvimento do Queiroz com as rachadinhas e os possíveis outros crimes que ele também cometeu”.
PublicidadeQuestionado se a CPI tem como objetivo uma investigação contra a família presidencial, uma vez que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu que Flávio tem foro privilegiado e que por isso todas as provas devem ser anuladas, o líder disse acreditar que a decisão do TJ será derrubada, pois “ela contraria uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)”, afirmou.
“Até porque a cada dia, quanto mais [Wassef] fala, ele se incrimina e incrimina a família Bolsonaro e o Queiroz”, avaliou Enio.
O deputado Paulo Pimenta (PT-SP) afirmou que o objetivo do colegiado “é garantir que ocorra uma investigação de maneira mais ampla e isenta possível. Que garanta o contraditório”.
Pimenta disse que a comissão precisará responder a algumas perguntas: se Bolsonaro não sabia onde estava Queiroz, como afirmou que o amigo de três décadas estava na casa por ser próximo ao hospital? Se Wassef deu guarida para Queiroz, não estaria também escondendo sua esposa que segue foragida?
“Os argumentos dessa família não param em pé, isso é tão primário. Isso revela que eles estão muito acuados, que eles não conseguem encontrar uma versão que tenha o mínimo de credibilidade”, avaliou Pimenta.
Para o líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), a coleta de assinaturas está adiantada e deve ter resultado até semana que vem. “Estão avançando, tanto na Câmara quanto no Senado. Nós estamos pedindo para todos os deputados de oposição que assinem, porque consideramos muito importante”, afirmou.
No Senado quem está à frente da coleta das assinaturas é Randolfe Rodrigues (Rede). A reportagem tentou contato, mas não obteve resposta do senador.
O advogado Frederick Wassef, que representou Flávio Bolsonaro em diversos processos e Jair Bolsonaro no caso Adélio Bispo, é dono da casa em Atibaia (SP) onde Queiroz foi preso. Em uma primeira versão, o advogado disse não saber onde estava o ex-assessor de Flávio, depois negou que ele estivesse morando em sua casa e ainda apresentou uma terceira versão, afirmando que o amigo de três décadas de Jair Bolsonaro sofria ameaças de morte, e que se o assassinato acontecesse, tentariam incriminar o presidente. Wassef afirma que a família Bolsonaro não sabia que ele tinha escondido o ex-assessor de Flávio. As declarações foram dadas para a revista Veja.
“Olha vindo dele nada de novo. Aliás, vindo de Wassef, Queiroz, Bolsonaro ou aqueles que os entornam, quanto mais irracional, mais parece vindo deles”, disse Enio.