O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), deve pedir em seu relatório final o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por prevaricação ao não acionar os órgãos de investigação sobre denúncias de irregularidades na negociação da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde. A informação foi divulgada neste domingo (19) pelo jornal O Globo.
A expectativa é de que o relator apresente seu parecer na quinta-feira (23). O texto deve destacar os principais pontos investigados pelo colegiado, como a existência do chamado gabinete paralelo, a propagação de uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, e a demora na aquisição de vacinas.
Sobre o crime de prevaricação, o senador se refere à denúncia de irregularidades feita a Bolsonaro pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), em 20 de março. Segundo Calheiros, esse ponto do relatório estará fortalecido pelo fato de que Bolsonaro já é alvo de investigação por prevaricação no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na Reta final
Chegando aos últimos capítulos, a comissão se dedica às investigações de denúncias contidas no dossiê entregue por médicos que trabalharam para a operadora de saúde Prevent Senior. O documento revela que a empresa atuou para ocultar mortes de pacientes que participaram de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina e azitromicina no combate ao coronavírus.
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Ao O Globo, o relator classificou o caso como “escabroso” e garantiu que a CPI vai comprovar a existência de “políticas de testes com humanos”. De acordo com ele, “nesse caso da Prevent Senior muitas coisas ainda serão conhecidas, de quem participou, de quem doutrinou, de quem executou”.
PublicidadeRenan Calheiros também afastou as comparações com a CPI da Covid com a Operação Lava Jato. Para ele, a comissão nunca teve a intenção de desgastar o presidente da República.
“Nunca quisemos transformar a CPI em tribunal de exceção. É uma investigação sem Deltan Dallagnol (integrante da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba), sem Sergio Moro (juiz da operação), sem Rodrigo Janot (ex-procurador-geral da República)”, avaliou.
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