O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11), a abertura de processo contra o deputado Glauber Braga (Psol-RJ). O parlamentar é acusado de quebra de decoro após episódio, no dia 16 de abril, em que expulsou da Câmara, aos pontapés, o militante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.
A representação, movida pelo Partido Novo, foi aprovada por dez votos a favor. Apenas dois deputados se opuseram à abertura do processo. No documento, a sigla ressaltou que Glauber Braga não se arrependeu da agressão e destacou outro processo que o parlamentar enfrenta no colegiado.
“O comportamento destemperado, agressivo e desrespeitoso do parlamentar para com esta casa e seus representantes não são inéditos. Já existe neste conselho de ética representação contra o mesmo parlamentar por agressão ao Deputado Federal Abilio Brunini”, escreveu o partido na representação.
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O parecer do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), relator da ação, fundamentou sua decisão com base no argumento de que “a imunidade material não autoriza o parlamentar a proferir palavras a respeito de qualquer coisa, tampouco a praticar quaisquer atos em dissonância com a dignidade deste Parlamento”. Além disso, o deputado Alexandre Leite (PL-SP) disse que vai pedir a suspensão cautelar do mandato do psolista.
“Eles querem que eu aceite a chantagem, que eu diminua o tom da defesa, que eu não faça luta política para no final dizer: ‘Independentemente de tudo, não dá para salvá-lo, porque o ato cometido por ele foi repreensível’”, contestou Glauber Braga acerca do anúncio de Alexandre Leite.
O deputado também argumentou que a continuidade do processo se trata de “uma articulação de Arthur Lira”, presidente da Casa, com quem tem desavenças públicas. “Vossa Excelência [o relator] faz isso por intermédio direto do presidente Arthur Lira, que já disse e repetiu por inúmeras vezes que queria me tirar da Câmara dos Deputados”.
Publicidade“Por que Arthur Lira quer me tirar da Câmara dos Deputados? Porque eu sou uma das vozes que denuncia publicamente aquilo que ele faz. E eu não posso deixar de fazê-lo”, completou o parlamentar.
Veja como votaram os deputados:
Luiz Lima (PL-RJ) – votou Sim
Domingos Sávio (PL-MG) – votou Sim
Marcos Pollon (PL-MS) -votou Sim
Jilmar Tatto (PT-SP) -votou Não
Del. Fabio Costa (PP-AL) -votou Sim
Julio Arcoverde (PP-PI) -votou Sim
Paulo Magalhães (PSD-BA) -votou Sim
Albuquerque (REPUBLICANOS-RR) -votou Sim
Márcio Marinho (REPUBLICANOS-BA) -votou Sim
Alexandre Leite (UNIÃO-SP) -votou Sim
Chico Alencar (PSOL-RJ) -votou Não
Josenildo (PDT-AP) -votou Sim
Relembre o caso
Na ocasião, o deputado expulsou aos empurrões e chutes o influenciador digital Gabriel Costenaro, cujos vídeos se baseiam em provocações a deputados, jornalistas e militantes de esquerda. Aos gritos de “põe para fora, deputado” e “vergonha”, Glauber começa a empurrar Gabriel Costenaro para fora do anexo da Câmara dos Deputados e lhe desferiu um chute nas pernas.
Posteriormente, Glauber discutiu com o deputado Kim Kataguiri (União-SP), que ganhou notoriedade pública e política como um dos cofundadores e coordenadores do MBL. A interação também foi registrada em vídeo. O psolista chama o colega de “defensor do nazismo”, em referência à participação de Kim Kataguiri no Flow Podcast, na qual o parlamentar se opõe à criminalização do nazismo na Alemanha.
Nas redes sociais, à época, Glauber afirmou: “Não me arrependo absolutamente de nada do que fiz!”. Conforme o deputado, “esse sujeito do MBL tem histórico de agressão a mulheres. É a 5ª provocação dele! Na 4ª vez ele ameaçou a mãe de um militante nosso com mais de 70 anos dizendo que sabia onde ela morava”.