Na disputa ainda sem solução pelo comando das comissões da Câmara dos Deputados, a comissão de Saúde dispara entre as mais procuradas, e seu comando se transformou em questão de honra para o PT, partido do Presidente Lula. Dono do maior montante em emendas parlamentares, o colegiado detém R$ 4,538 bilhões que, em ano eleitoral, valem ouro nas mãos dos deputados.
Presidida atualmente pelo deputado Zé Vitor (PL-MG), a comissão ganhou as atenções do PT pelas suas verbas e a importância que representa para a manutenção de projetos prioritários para o governo de Lula. Por ela, passam todos os projetos de lei que envolvam temas ligados à saúde. A liberação das emendas passa pela comissão, já que o direcionamento será feito pelo presidente do colegiado. Hoje, cabe ao deputado do PL, partido da legenda do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, fazer a indicação. A comissão desejada, além do PL, pelo PP.
Partido do presidente da Casa, Arthur Lira (AL), o PP é uma das bancadas que disputa intensamente o comando do colegiado, assim como a cadeira hoje ocupada por Nísia Andrade. Ela, que foi presidente da Fiocruz, é considerada intocável pelo presidente Lula, mas Arthur Lira não tem mostrado disposição em ver a ministra no comando da pasta. Lira quer o Ministério da Saúde, e se mostra disposto a avançar sobre o colegiado.
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Apesar das disputas, o PT tem acordo para assumir a presidência de quatro comissões. Exatamente esse acordo é que causa uma espécie de receio entre os líderes. As lideranças temem que Lira, no afã de conquistar apoios para garantir a sucessão da presidência da Casa, no próximo ano, possa colocar acordos já firmados em xeque.
O temor principal se dá em torno dos critérios que serão usados para a pela divisão dos colegiados entre as legendas. Para alguns parlamentares ouvidos pelo Congresso em Foco, ainda não ficou claro se as comissões serão distribuídas de acordo com a atual composição dos blocos partidários, ou se será levado em consideração o modelo do ano passado, quando as comissões também foram definidas. Exemplo direto mexe com o PSB, partido do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
Além da Comissão de Saúde, o PT também pleiteia o comando da Comissão de Finanças e Tributação (CFT). Essa, contudo, segundo líderes ouvidos pelo Congresso em Foco, pode até ser preterida, se o partido conseguir controlar a de Saúde e a de Educação, além de participar diretamente da Comissão Mista de Orçamento, que vai elaborar o orçamento de 2025 (CMO). A definição dependerá da articulação com outras bancadas. Neste caso, o PT aceita trocar a presidência da comissão pela relatoria.
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