Ainda em processo de formação, a nova equipe ministerial de Lula (PT) já deixa uma preocupação em parte de seus apoiadores: cinco de seus ministros são nomes indicados de dentro da próxima legislatura do Congresso Nacional, com risco de esvaziamento da bancada do governo. Apesar de não ser um temor fundado no caso da Câmara, as indicações já começaram a afetar a formação no Senado.
Quando um parlamentar é convidado a assumir uma função no Poder Executivo, ele não é obrigado a abrir mão de seu cargo, mas precisa se licenciar, entregando a função a um suplente. As regras da suplência variam: no Senado, ela é assumida por um quadro eleito em chapa com o senador. Na Câmara, em situações como essa, os suplentes já são os candidatos mais votados da respectiva coligação ou partido.
Até o momento, dois deputados eleitos estão indicados para compor o novo governo: Alexandre Padilha (PT-SP), que assume a pasta de Relações Institucionais; e Luiz Marinho, do PT do mesmo estado, que assume o Ministério do Trabalho. Os dois saem da Câmara mas abrem espaço para suplentes da mesma federação: o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) e o vereador Alfredinho, do PT.
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No Senado, a situação já se altera. Indicado para assumir o Ministério da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA) tem como suplente Ana Paula Lobato, também do PSB, partido do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin. O petista Camilo Santana, que será o próximo ministro da Educação, também tem como primeiro suplente um quadro do mesmo partido, com Augusta Brito entrando em seu lugar.
A licença do senador eleito Wellington Dias para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social já enfraquece a posição do PT no Senado em 2023. Sua primeira suplente é Jussara Lima, do PSD. Com isso, o partido de Lula passa a ter uma bancada de oito senadores na próxima legislatura, enquanto o PSD terá 12 senadores, cristalizando a posição de segunda maior bancada.
Esse enfraquecimento, porém, não necessariamente compromete a posição do próximo governo no Congresso. Apesar de não ter feito parte da coligação de Lula, o PSD conta com um histórico de relacionamento amigável com o PT. No Senado, conta com quadros que apoiaram a candidatura do petista, como Omar Aziz (AM) e Otto Alencar (BA). Caso dê continuidade ao gesto dado com a orientação favorável na PEC da transição, o PSD tende a preservar os bons termos com o próximo governo.
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