Nesta quarta-feira (1º), a Câmara dos Deputados fará a eleição de sua nova Mesa Diretora, que coordenará os trabalhos da Casa até o final de 2024. Apesar da certeza sobre a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) como presidente, os demais quadros que comporão o colegiado seguem incertos. Discussões acerca de cargos de interesse comum e acordos entre os partidos acabam por emperrar o desenho da mesa.
Ao contrário da presidência da Câmara, os partidos que ocupam os demais cargos da mesa diretora não são definidos com base nos votos dos parlamentares, mas sim na proporção de deputados por bloco. Blocos maiores recebem mais funções, e blocos menores recebem menos, e todos devem chegar a um acordo para montar o arranjo. Há a possibilidade de candidaturas avulsas, mas, no caso, elas saem, então, desse critério de proporcionalidade. Para 2023, um bloco já manifestou que não fará parte da negociação: o PSB-PDT negocia com os demais para almejar posições de destaque no próximo biênio (2025-2026).
Até o momento, Lira tem apenas um adversário, Chico Alencar (Psol-RJ), que volta à Câmara após quatro anos. O próprio parlamentar fluminense já admitiu que sua candidatura é para marcar posição. Nunca uma disputa à presidência contou com tão poucos candidatos nas duas últimas décadas.
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Vice-presidência
Arthur Lira está negociando pessoalmente os nomes de preferência junto aos partidos de seu bloco e apoio para a formação da mesa, buscando eleger quadros de diferentes espectros. Restam, porém, ajustes nesse desenho que podem inclusive impactar na decisão do nome escolhido para vice-presidente, função cumulativa na Câmara e no Congresso Nacional. Ou seja, quem é vice-presidente da Câmara assume a mesma função nas sessões do Congresso, que são comandadas pelo presidente do Senado.
Inicialmente prevista para permanecer nas mãos do PL, a primeira vice-presidência foi cedida em acordo ao Republicanos em troca da formalização do apoio à campanha de Rogério Marinho (PL-RN) em sua campanha para a presidência do Senado. O Partido Liberal ficaria com a segunda vice-presidência, assumindo com os demais o compromisso de indicar um quadro moderado para o cargo.
A vaga de segunda vice-presidência, porém, é almejada pelo PT, que planeja lançar o nome de Maria do Rosário (PT-RS). A indicação da deputada para um cargo de relevância é estratégica para preservar a coesão do partido: a parlamentar gaúcha é da corrente minoritária do PT, o Movimento PT. Sua presença na mesa diretora serviria para equilibrar sua posição em relação à maioria pragmática, Construindo um novo Brasil, que emplacou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) na liderança da bancada.
PublicidadeParte do PL teme que o PT não aceite abrir mão da segunda vice-presidência, utilizando sua influência sobre o orçamento para pressionar Arthur Lira na manutenção do nome de Maria do Rosário. Este, porém, ainda não conta com o apoio unânime do PL, havendo necessidade de articular a favor do acordo como gesto de boa vontade para garantir os votos da bancada.
No lado do PT, também há pessimismo diante do peso da bancada do PL, que conta com prioridade na escolha dos cargos. Apesar do interesse na segunda vice-presidência, o partido considera mais provável que Maria do Rosário assuma o cargo de segunda secretária, cuja principal responsabilidade é representar a Câmara dos Deputados no exterior.
Também estão no bloco de apoio a Arthur Lira o União Brasil, o MDB e o PSD. Por ter a maior bancada entre os três, o União recebe preferência na vaga para primeiro secretário, que atua como superintendente da Câmara. MDB e PSD já contam com bancadas equivalentes, havendo acordo para que Júlio César (PSD-PI) assuma a terceira secretaria, restando a quarta para o MDB.