Além de definir os quadros para a presidência e sua mesa diretora, a Câmara dos Deputados deverá, no início de fevereiro, escolher um novo nome para assumir a cadeira de Ana Arraes no Tribunal de Contas da União (TCU). Em meio à disputa, existe um favorito: Jhonatan de Jesus (Republicanos-RR), que recebe não apenas o apoio do presidente Arthur Lira (PP-AL), como a articulação em seu favor. O sucesso da campanha, porém, depende da disciplina partidária de seus aliados.
Contando com um amplo círculo de alianças necessárias para garantir o avanço de projetos do novo governo na Câmara dos Deputados, conseguir o apoio das lideranças de partidos governistas não é uma tarefa difícil para Arthur Lira. Seu candidato ainda é membro do Republicanos, partido da antiga base de Jair Bolsonaro e que, no novo governo, passa a adotar posição independente. Apoiar Jhonatan acaba servindo ao PT como um gesto de vontade de cooperar, ajudando a trazer a legenda para seu lado.
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Na oposição, o nome indicado é o de Soraya Santos (PL-RJ). Aliada de Bolsonaro, Soraya faz parte da ala moderada do PL, e representou a bancada feminina na última legislatura, alcançando a simpatia de quadros dos diversos espectros políticos. Sua estratégia consiste tanto em tentar atrair os votos de seu partido e de demais oposicionistas, quanto em se apresentar como uma candidatura que represente as mulheres do parlamento.
O terceiro candidato, Fábio Ramalho (MDB-MG), já aposta em uma estratégia de articulação pessoal. “Estou conversando diretamente com os deputados. Os partidos, por conta da questão de distribuição da mesa diretora, comissões, blocos e cargos acabam fechados em um pacote. Então me sobrou essa opção como método de trabalhar”, explicou ao Congresso em Foco. Sua campanha é trabalhada em conjunto com o presidente do MDB, Baleia Rossi (SP), mesmo não havendo apoio oficial da liderança da bancada emedebista.
Apesar de ter se afastado de holofotes ao longo da última legislatura, Fábio Ramalho é um quadro popular na Casa. Atuando como parlamentar desde 2007, foi eleito vice-presidente da Câmara em 2017, e foi três vezes vice-líder de blocos partidários, colecionando aliados de diversos espectros políticos ao longo do percurso. Sua esperança está no voto secreto, que abre margem para que seus apoiadores votem contra a orientação dos partidos sem sofrer retaliação.
As vagas do TCU são vistas historicamente entre parlamentares como uma espécie de aposentadoria de luxo, em que conseguem concluir os últimos anos das suas carreiras no legislativo em um cargo com mordomias raras no serviço público e também com um cargo de forte poder fiscalizatório. Ao longo dos últimos anos, porém, o tribunal aumentou seu grau de atividade, em especial ao deliberar sobre processos de privatização. Com isso, cresceu também o interesse dos principais partidos em emplacar um nome de confiança entre seus ministros.
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