A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das mais próximas aliadas de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados e que atuou como presidente da Comissão de Meio Ambiente em 2021, deve definir sua filiação ao Partido Liberal (PL), atual legenda do presidente, até março. A parlamentar de primeiro mandato, eleita em 2018 com um discurso contra a velha política, agora defende o “diálogo”.
“No cenário no qual estamos incluídos, é preciso de alianças políticas para governar”, disse a deputada ao Congresso em Foco. “Pensar numa aliança de centro-direita só pode ser encarado como bom num país que foi governado por tantos anos pela esquerda e centro-esquerda”, ressaltou a deputada, em alusão à aliança de Bolsonaro com o Centrão.
O discurso de “velha política”, na visão de Zambelli, ficou para trás. “O que estamos construindo é uma frente de centro-direita para aprovar projetos importantes e colocar o país na direção do desenvolvimento. É o que desejamos e acreditamos que será a escolha que a maioria da população fará mais uma vez”, disse, antes de concluir: “Esperamos que os brasileiros tenham observado que não adianta colocar na presidência alguém de confiança e honesto, se a maioria do Parlamento não segue o mesmo caminho”.
Leia também
Nesta semana, nomes ligados ao bolsonarismo se vincularam ao partido de Valdemar da Costa Neto, visando às eleições: Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde apelidada de “Capitã Cloroquina”, o secretário nacional de Cultura, Mário Frias, e o deputado Eduardo Bolsonaro (SP).
Presidência da CMA
Carla Zambelli deve entregar o cargo de presidente da CMA neste ano – por mais que as bancadas ainda não tenham definido a divisão das comissões. A sua gestão ocorreu em um momento de aumento da degradação ambiental no Brasil a níveis nunca vistos, aliado a um aumento dos efeitos das mudanças climáticas em todo mundo.
Apesar disso, a parlamentar diz que o trabalho dela e do governo brasileiro é incompreendido por todos ao redor. “No cenário internacional, ainda há muita desinformação a respeito de quem somos e o que fazemos de fato. Infelizmente muitas lideranças seguem o que parte das mídias nacional e estrangeira dizem, e que nem sempre são a verdade”, afirma. Segundo ela, não podem ser ignoradas as inúmeras ações que o Brasil já tomou para reduzir o desmatamento e combater as queimadas – por mais que, em 2021, o desmatamento da Amazônia tenha sido 29% maior que no ano anterior.
PublicidadeZambelli ainda defendeu que o Brasil teria sido elogiado por lideranças na COP-26, realizada entre outubro e novembro na Escócia e que buscou avançar na agenda global de preservação do meio ambiente. “Demonstramos maturidade para debater a questão ambiental”, disse. No entanto, entre os principais destaques brasileiros na COP-26 estavam as vozes que apontavam a devastação ambiental inédita no Brasil, como a indígena Txai Suruí, que disse ter sido ameaçada após seu discurso na cúpula.