A Frente Parlamentar da Agropecuária, conhecida como Bancada Ruralista no Congresso Nacional, se pronunciou nesta segunda-feira (16) sobre a suspeita levantada pela Polícia Federal (PF) de patrocínio financeiro de empresários do agronegócio na tentativa de golpe de Estado, articulada nos últimos meses do governo Bolsonaro. O bloco cobrou “urgência e rigor” na apuração do caso.
A suspeita de envolvimento de produtores rurais partiu da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Indagado sobre a origem do dinheiro que teria sido pago pelo então ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, aos oficiais envolvidos na tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, rele respondeu que vinha “do pessoal do agronegócio”.
Até o momento, não há nenhum empresário do setor citado nominalmente no inquérito. No entanto, o agronegócio foi um dos principais beneficiários da gestão Bolsonaro, que instituiu políticas de flexibilização da fiscalização ambiental. Na época, o governo tentou alavancar projetos de lei voltados à redução nas restrições para o uso de agrotóxicos, o principal deles aprovado em 2023, já na gestão de Lula.
Em nota, a bancada ruralista defende que “os responsáveis sejam identificados e punidos com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos”, observando que a apuração ocorra de forma “legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal”.
O conteúdo da delação de Cid culminou em uma onda de críticas ao agronegócio nas redes sociais. A bancada ruralista também se pronunciou sobre o tema. “É inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país”, afirmam.
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