A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) disse nesta segunda-feira (29), em publicação no Twitter, que o soldado da PM baiana morto por outros policiais após atirar contra colegas morreu porque “se recusou a prender trabalhadores”. A parlamentar, que preside a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara, escreveu que o policial “disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa (PT)”. Porém, após reações negativas de outros congressistas, a deputada apagou a publicação e afirmou ao Congresso em Foco que prefere “aguardar os rumos da investigação”.
“Soldado da PM da Bahia abatido por seus companheiros. Morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia. Esse soldado é um herói. Agora a PM da Bahia arou. Chega de cumprir ordem ilegal!”, havia dito Bia Kicis, na rede social. Porém, a publicação foi excluída algumas horas depois.
“As redes ficaram emocionadas com a morte do soldado. Mas refletindo melhor prefiro aguardar os rumos da investigação”, explicou a presidente da CCJ. “Removi o post para aguardarmos as investigações. Inclusive diante do reconhecimento da fundamental hierarquia militar”, escreveu ela, após apagar o tweet.
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Reações negativas
Ainda nesta manhã, diversos parlamentares reagiram às postagens da deputada. Deputados e senadores destacaram o desrespeito à Constituição na posição da parlamentar e defenderam que ela não tem condições de permanecer na CCJ. O principal argumento é de que a deputada teria incentivado um motim dos órgãos de segurança pública em sua publicação. Após a morte do soldado, alguns policiais militares protestaram na Bahia e ameaçaram entrar em greve.
“Inexplicável a postura da presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, dep. Bia Kicis, que, na prática, estimula insurreição da PM contra o governador”, afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
“A presidenta da Comissão de Constituição e Justiça está estimulando… motim? E dizendo que um PM que atira contra seus próprios colegas é… herói?”, questionou o deputado Bohn Gass (PT-RS), líder do PT na Câmara.
“A extremista Bia Kicis, presidente da CCJ, que já discursou a favor da intervenção militar dentro do parlamento, agora estimula um motim da PM na Bahia”, escreveu Marcelo Freixo (PSOL-RJ).
PM foi morto por outros soldados
A morte do soldado ocorreu na noite do último domingo (28). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), tudo começou durante a tarde, quando o policial militar invadiu o gramado em frente ao Farol da Barra, ponto turístico de Salvador, aparentando um suposto “surto psicótico”, e começou a atirar para o alto.
Em vídeos que circularam nas redes sociais, o soldado aparece protestando com o fuzil em mãos e atirando bicicletas e caixas de isopor ao mar. “Comunidade, venham testemunhar a honra ou desonra dos policiais militares do Estado da Bahia”, disse o soldado, em uma das gravações. “Não vou deixar, não vou permitir que viole a dignidade e honra do trabalhador”.
Com o rosto pintado de verde e amarelo, o soldado teria usado um fuzil para disparar tiros contra as equipes do Bope, que tentou negociar com o policial por mais de três horas, segundo a SSP-BA. Os negociadores reagiram e neutralizaram o soldado, que foi socorrido no Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu.
“Os nossos objetivos primordiais são preservar vidas e aplicar a lei. Buscamos, utilizando técnicas internacionais de negociação, impedir um confronto, mas o militar atacou as nossas equipes. Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores”, disse o comandante do Bope, major Clédson Conceição, em nota.
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