Após idas e vindas judiciais, o terceiro depoente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas, Coronel Jorge Naime, decidiu falar diante do colegiado nesta segunda-feira (26). Preso desde 8 de janeiro, Naime era comandante do Departamento de Operações do Distrito Federal (PMDF) na data da tentativa de invasão às sedes dos três poderes da República. Ele é acusado de ter conspirado para que a polícia não fosse capaz de agir contra os golpistas.
Às 9h30, a defesa de Naime apresentou um pedido de habeas corpus ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, requerendo o direito de não depor ou se caso depusesse que fosse como investigado e testemunha. O pedido foi negado parcialmente porque Moraes não autorizou o habeas corpus, mas permitiu que fosse ouvido como testemunha e investigado.
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Ao iniciar a oitiva, o coronel afirmou que está há cinco meses preso sem saber realmente o porquê. “Me encontrava de licença e fui acionado para estar no cenário do dia 8 [de janeiro]. Me apresentei e durante o período em que estive preso soube de muitos fatos novos, fases da investigação, tomei conhecimento de várias situações e o que soube é que a situação começou a se resolver, e os prédios públicos foram desocupados, a partir da minha chegada, quando comecei a comandar as tropas da Polícia Militar”, declarou o policial militar.
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Em resposta, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, disse que na sexta semana da CPMI, o objetivo é se debruçar sobre as forças de segurança do Distrito Federal, com destaque para a Polícia Militar no contexto das manifestações antidemocráticas em Brasília.
Os alvos da sessão são entender se houve falta de planejamento, se a inteligência fracassou, se houve leniência, omissão ou influência política na polícia do DF e também em outros aparatos de segurança.
Jorge Eduardo Naime era encarregado de, no dia da manifestação, estabelecer as diretrizes e as condições para que a PMDF pudesse acompanhar o ato bolsonarista e deter eventuais violações. Seu departamento era responsável por definir quantos policiais acompanhariam os manifestantes, qual equipamento estaria à disposição, quem comandaria cada unidade, além de fornecer detalhes da operação aos policiais envolvidos.
Conforme constam os depoimentos dos policiais à Polícia Federal, Naime se ausentou da operação. Um número insuficiente de militares com pouco equipamento foi enviado para acompanhar os manifestantes que saíram do Setor Militar Urbano, onde mantinham acampamento, em direção à Esplanada dos Ministérios. Eles não receberam informações nem sobre quem estaria encarregado de comandar a tropa e nem sobre o paradeiro de Naime.