No final da sessão remota do Senado desta segunda-feira (27), o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) disse que tem tentado apagar “um incêndio atrás do outro” e expressou sua angústia pessoal com a atual crise política.
Ele pediu para os parlamentares deixarem de lado as diferenças ideológicas, partidárias e pessoais e focarem nas medidas para enfrentamento da pandemia de covid-19. “Compreendo que nossa missão é a proteção da vida dos brasileiros. Milhares estão falecendo, infelizmente”, disse ele. “Depois que a gente superar tudo isso a gente volta para o embate ideológico, partidário”, continuou.
Classificando o momento como “a tempestade perfeita”, Alcolumbre afirmou que busca construir um caminho de pacificação entre os atores políticos. De perfil conciliatório, o presidente do Senado não costuma entrar em embates diretos com o presidente Jair Bolsonaro, se comparado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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“Estou tentando e continuarei tentando da melhor maneira possível construir alternativas de soluções de problema. Não partirá de mim, de maneira nenhuma, como presidente do Senado,a condição de construir problema. Eu quero conciliar, eu quero convergir, eu quero conversar”, disse o senador.
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“Tem muita gente destruindo pontes, eu quero ser uma ponte de ligação entre a Câmara dos Deputados, entre o Poder Executivo, entre os governadores brasileiros, entre os prefeitos que estão sofrendo na ponta e entre a população”, disse ele.
A fala foi antecedida por um discurso do senador Otto Alencar (PSD-BA), que criticou a atuação do presidente Bolsonaro em meio a pandemia de covid-19 e fez apelo à liderança de Alcolumbre.
Socorro a estados
Em uma das demonstrações de busca por consenso, Alcolumbre agendou uma sessão extraordinária no próximo sábado (2) para votar o projeto de lei de socorro aos estados, que vem sido alvo de discussões entre a Câmara e o Ministério da Economia há semanas. Ele assumiu excepcionalmente a relatoria do texto e deve apresentar o parecer na quinta-feira (30). A sessão no sábado visa agilizar a votação do projeto, que ainda precisará ser analisado por deputados.
Uma das contrapartidas que devem ser exigidas pelo texto é a proibição de reajustes salariais do funcionalismo público por 18 meses, o que, estima-se, equivale a cerca de R$ 130 bilhões em recursos. Alcolumbre explicou que, inicialmente, a ideia era cortar os salários dos servidores em 25%, medida que seria mais drástica.
O presidente do Senado se reuniu nesta tarde com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para ajustar detalhes do relatório. “Estamos construindo um projeto que concilie os interesses das regiões, o desejo do governo federal em dar esse aporte neste momento emergencial e o texto da Câmara”, disse Alcolumbre.
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