De 17 a 21 de janeiro de 2022 |
Servidores preparam grande ato de protesto por reajuste salarial. Possibilidade de greve não está descartada
Enquanto o Congresso e o Judiciário permanecem em recesso, as atenções esta semana em Brasília voltam-se para o tamanho do que está previsto para acontecer na terça-feira (18). Os servidores públicos planejam uma grande manifestação na Esplanada dos Ministérios em protesto por reajuste salarial. Como disse na semana passada em entrevista ao Congresso em Foco o presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, a possibilidade de uma greve geral do serviço público não está descartada.
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As reações dos servidores foram crescendo desde o final do ano passado, quando o governo definiu reajustar somente os salários das categorias policiais – Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e agentes penais. As primeiras reações vieram dos auditores da Receita Federal, e operações padrão em aduanas e postos de fronteira já vêm provocando filas de caminhões, desabastecimento e outros problemas. O movimento foi crescendo para outras categorias, que exigem ter também reajuste a exemplo das polícias. Desde o início do ano, funcionários têm entregue seus cargos de chefia.
Estima-se que até 46 diferentes categorias de servidores públicos deverão participar da manifestação na terça-feira. Somente entre as carreiras típicas de Estado, a estimativa da Fonacate é de adesão de 19 categorias. A Fonacate tem cerca de 200 mil filiados.
Como mostramos na semana passada no Insider, a dificuldade do governo está em como negociar com as categorias sem produzir um efeito dominó. O desejo do ministro da Economia, Paulo Guedes, era reverter todo e qualquer reajuste. Mas isso esbarra nos compromissos feitos pelo próprio presidente Jair Bolsonaro com os policiais. Bolsonaro, inclusive, estaria irritado com a forma como Guedes vem criticando tal aumento.
Tentou-se, então, fazer negociações caso a caso, buscando soluções paliativas. O primeiro é que toda vez que o governo cede a alguma categoria atiça outras a reivindicarem também. Na semana passada, o ministro da Justiça, Anderson Torres, teve reunião com as categorias policiais, e Paulo Guedes, com o sindicato dos auditores, o Sindifisco. Mas nada de concreto saiu dos encontros. O Sindifisco classificou a reunião com Guedes como “frustrante”. Como o governo resolverá o problema, ainda é uma incógnita.
Dois dias depois da manifestação dos servidores na Esplanada, Bolsonaro fará a sua primeira viagem internacional.
Além da greve dos servidores, veja abaixo os principais itens da agenda da semana:
EXCECUTIVO
Bolsonaro faz sua primeira viagem internacional do ano
O presidente Jair Bolsonaro irá ao Suriname e à Guiana esta semana. As duas viagens destinam-se a tratar de cooperação com os dois países vizinhos na área de energia. O presidente prospectará a possibilidade de projetos de conexão de redes de eletricidade para abastecer o estado de Roraima. O estado é o único do país que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN). Por muito tempo, Roraima foi abastecida de energia vinda da Venezuela. Mas, com a crise no país presidido por Nicolás Maduro, tem dependido cada vez mais da geração de termelétricas. Embora o governo invista na construção do Linhão de Tucuruí, que ligaria Roraima ao SIN, quer ter uma alternativa para o estado.
De acordo com informações do jornal Valor Econômico, em contrapartida Guiana e Suriname estariam interessados em informações sobre como funcionam os órgãos reguladores do setor de petróleo no Brasil, como a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Recentemente, os dois países encontraram reservas importantes de petróleo e gás.
Bolsonaro já tinha a intenção de visitar os dois países, mas acabou adiando a viagem por causa da pandemia de covid-19. Na quinta-feira (20), o presidente deverá estar em Georgetown, capital da Guiana. E na sexta-feira (21), em Paramaribo, capital do Suriname. Bolsonaro terá reuniões com os presidentes dos dois países, respectivamente Irfaan Ali e Chandrikapersad Santokhi.
Governo lança programa do Banco do Brasil voltado ao agronegócio
O presidente Jair Bolsonaro lança nesta segunda-feira (17), às 16h30, a etapa 2022 do Circuito Agro, do Banco do Brasil. O principal atrativo do programa é a Carreta Agro BB, um grande caminhão que circula pelo país divulgando os produtos e serviços do banco para o agronegócio. A cada parada, a carreta também promove palestras com especialistas.
Bolsonaro receberá a carreta no Palácio do Planalto dando início ao circuito deste ano. A carreta foi criada pelo Banco do Brasil no ano passado como alternativa às grandes feiras do agro, canceladas em função da pandemia.
Além do lançamento do Circuito Agro deste ano, Bolsonaro tem hoje despachos internos com auxiliares e aliados. O presidente tem intensificado na sua agenda encontros com parlamentares da sua base. Às 11h30, ele recebe o deputado David Soares (DEM-SP). Às 14h30, reúne-se com o subchefe adjunto executivo para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência, Renato de Lima França. E às 15h, estará com o ministro de Relações Exteriores, Carlos França.
Guedes reúne-se com secretários especiais da equipe
O ministro da Economia, Paulo Guedes, terá reunião com os principais assessores da sua equipe. Ele reunirá, às 10h, todos os secretários especiais do Ministério da Economia. Depois, às 15h, ele terá uma reunião específica com o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Diogo Mac Cord.
Banco Central divulga IBC-BR
O Banco Central divulga nesta segunda-feira (17) o IBC-BR, o índice que mede a atividade econômica do país. O indicador destina-se a tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), servindo de balizador para as definições da autoridade monetário a respeito da taxa de juros, a Selic. O IBC-BR traz estimativas para os principais setores da economia.
Infraestrutura deve abrir consulta pública para o Porto de Santos
Está previsto para quinta-feira (20) a abertura, pelo Ministério da Infraestrutura, de consulta pública para a privatização do Porto de Santos. Nessa etapa, o governo deverá apresentar a modelagem do processo de venda. A estimativa do governo é realizar a privatização do porto no segundo semestre deste ano.
LEGISLATIVO
TCU deve retomar reuniões
O Congresso Nacional – Câmara e Senado – permanece em recesso até o dia 31 de janeiro. Mas o Tribunal de Contas da União – órgão de fiscalização das contas do governo -, que também pertence ao Legislativo, deve retomar as suas sessões de julgamento a partir de quarta-feira (20).
JUDICIÁRIO
Em recesso até o dia 31 de janeiro.