Renaro Cardozo
Nem deputado federal, nem deputado estadual. A categoria mais atingida com o crescimento de votos nulos nestas eleições foi a dos deputados distritais. De 2002 para cá, o número de eleitores do Distrito Federal que anulou o voto para o Legislativo local saltou de 19.374 (1,509%) para 50.482 (3,542%), um aumento de 134,72%, segundo levantamento feito pelo Congresso em Foco. Também foi expressivo o crescimento no índice de eleitores que decidiram votar em branco na hora de escolher o deputado distrital. Esse percentual passou de 2,429%, em 2002, para 3,238%, em 2006 – aumento de 33,3% de uma votação para outra.
Mas a insatisfação com os candidatos a deputado não foi exclusividade do eleitor do Distrito Federal. Dos 124 milhões de eleitores que foram às urnas no dia 1º de outubro para escolher a composição das Assembléias Legislativas de todo o país em 2007, mais de 6 milhões (6,021%) votaram em branco e mais de 5 milhões (4,871%), nulo. Em comparação com as eleições anteriores, houve um crescimento de 28,4% no percentual dos votos em branco e de 62,64% entre os nulos.
Na escolha dos representantes para a Câmara dos Deputados, o percentual de nulos cresceu 66%, e o de brancos, 34%, em relação à eleição passada. O total de votos não válidos em relação ao total passou de 7,6%, em 2002, para 11,1%, em 2006.
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Para o cientista político Antônio Flávio Testa, a série de escândalos no âmbito nacional repercutiu nos estados e no Distrito Federal provocando um desânimo geral no eleitorado brasileiro. "Foi um conjunto de elementos que nos levou a isso. Aparentemente, houve uma penalização por parte do eleitorado acertando o político onde mais dói: na vida pública", disse. Na avaliação do professor da Universidade de Brasília (UnB), a campanha pelo voto nulo, impulsionada pelos escândalos do mensalão e dos sanguessugas, também teve lá o seu efeito.
Eleições majoritárias
PublicidadeCuriosamente, nas eleições majoritárias houve até retração no volume de votos nulos. Na eleição presidencial, por exemplo, 8,4% dos eleitores decidiram invalidar o voto no último dia 1º, contra 10,4%, de 2002, e 18,7%, da eleição de 1998. No Senado, por exemplo, o índice de eleitores que optaram por anular o voto em 1º de outubro foi 2,59% menor do que em 2002. O percentual caiu de 11,896% para 11,587% em quatro anos.
"Nos cargos majoritários, a disputa acaba se concentrando em dois candidatos. Os escândalos, com isso, acabam não afetando tanto se os candidatos não estiverem envolvidos neles", avalia Testa.
Mudança não muito significativa entre os votos brancos e nulos de 2002 e 2006 também ocorreu na votação para escolher os governantes dos estados. Os brancos aumentaram 4,17%, e os nulos diminuíram 7%. Quanto aos nulos, caíram de 7,341% para 6,828%.
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