Para evitar qualquer possibilidade de especulação, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), já encaminhou a representação do Psol ao Conselho de Ética. O partido da ex-senadora Heloísa Helena pediu que fosse aberto processo de quebra de decoro parlamentar contra Renan para investigar as denúncias publicadas na semana passada pela revista Veja.
O pedido havia sido protocolado junto ao Conselho de Ética e a discussão sobre o processo estava marcada para a próxima quarta-feira (6). Hoje, no entanto, o presidente do conselho, senador Sibá Machado (PT-AC), foi a plenário para devolver a representação à Mesa Diretora, dizendo que o caminho feito pelo Psol foi de encontro ao regimento.
"Eu estou muito tranqüilo das coisas que estou fazendo, estou me cercando das questões da Constituição e do regimento. O que aconteceu é que o próprio Psol encaminhou o pedido dizendo que se o conselho não fosse o foro adequado, que encaminhássemos ao órgão competente. A Mesa não vai julgar o mérito, nós só estávamos nos antecipando para que não chegasse na reunião de quarta-feira e tivessemos que fazer todo esse procedimento que fiz agora", explicou Sibá Machado.
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O gesto de Renan Calheiros, no entanto, foi apenas uma atitude política. Para ter validade, os outros membros da Mesa Diretora precisam aprovar a decisão. (Soraia Costa)
Tuma diz que quer absolver Renan
Em conversa com jornalistas, o senador Romeu Tuma (DEM-SP), corregedor do Senado, afirmou hoje que quer absolver o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). De acordo com a revista Veja, Renan teve durante dois anos algumas de suas despesas pessoais pagas por um funcionário de uma construtora.
Publicidade"Eu não quero condená-lo, quero absolvê-lo. Mas quero ter certeza que ele não vai ser pego na primeira esquina. Se ele deve, não posso fazer nada", afirmou Tuma.
O parlamentar paulista ressaltou seguidas vezes que não estaria "blindando" Renan. Para o corregedor, os documentos entregues por Renan que tratam de sua movimentação financeira atestam plenas condições do senador alagoano de arcar com suas responsabilidades.
"Os documentos dão base para perceber que ele podia pagar as despesas com seus próprios recursos. Você vê nos extratos bancários e nas declarações de Imposto de Renda que ele tem dinheiro para pagar."
Segundo Tuma, nos documentos entregues por Renan estão extratos bancários, cópias da declaração de Imposto de Renda e um recibo assinado pela jornalista Mônica Veloso – mãe da filha de Renan – e por seu advogado atestando o pagamento de R$ 100 mil para um fundo de auxílio à criança.
O corregedor afirmou estar convencido da autenticidade dos documentos apresentados pelo presidente do Senado. "Eu não tenho razão para suspeitar que os extratos sejam falsos", disse.
Tuma afirmou que os documentos entregues por Renan serão repassados aos membros do Conselho de Ética. Entretanto, o corregedor declarou que pedirá aos senadores que assinem um termo de compromisso para preservar a manutenção do sigilo dos documentos, tendo em vista que o inquérito tramita em segredo de Justiça. (Rodolfo Torres)
Para Renan, só Jefferson Peres quer seu afastamento
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a afirmar ontem (30) que não vai se licenciar do cargo para que seja apurada a denúncia de que teria tido contas pessoais pagas por um lobista.
Renan considera que sua decisão tem o apoio de 80 dos 81 senadores. O único a se opor à sua posição, segundo ele, seria Jefferson Peres (PDT-AM), que, na terça, defendeu o seu afastamento imediato da presidência até que sejam esclarecidas as suspeitas de que Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, teria pago R$ 16 mil por mês, durante dois anos, de aluguel e pensão para a jornalista Mônica Veloso, com quem Renan tem uma filha.
Por intermédio de advogados, o senador garantiu ter provas de que utilizou recursos próprios para fazer os pagamentos. Ao contrário, portanto, do que disse na segunda-feira, quando admitiu que não tinha recibo dos repasses porque teriam sido feitos graças a um acordo informal com Mônica. Os extratos que comprovariam a origem dos recursos foram repassados ao corregedor da Casa, senador Romeu Tuma (DEM-SP).
Conselho de Ética
Na contabilidade dos que defendem seu imediato afastamento da presidência do Senado, Renan Calheiros esqueceu de considerar o senador José Nery (Psol-PA). No dia 29, o Psol entrou com uma representação contra Renan no Conselho de Ética.
Ontem, após a eleição do petista Sibá Machado (AC) para a presidência do colegiado, Nery e o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) o procuraram para entregar pessoalmente a representação contra Renan. Sibá recusou-se a recebê-los, conforme informação do jornal O Estado de S. Paulo.
"A gente quer do Sibá isenção e não espírito de corporação", protestou Chico Alencar, inconformado com o "mau sinal da porta fechada" e a "desculpa da secretária" de que o presidente não podia recebê-los porque estava em reunião com a líder petista Ideli Salvatti (SC).
"Não esperávamos essa postura de quem foi indicado para presidir o conselho", acrescentou José Nery, que fora pedir a Sibá que agilizasse a apreciação da representação. "É o sinal de que esse processo pode não ter o andamento que a Nação quer, de ter completo esclarecimento do caso".
As escolhas de Sibá Machado para a presidência do Conselho de Ética e de Adelmir Santana (DEM-DF) para vice foram criticadas por se tratarem de dois suplentes, ou seja, parlamentares que não receberam nenhum voto, mas que assumiram o mandato graças ao afastamento dos titulares – a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o vice-governador do DF, Paulo Octávio, respectivamente.
Existe também o temor de que Sibá, por ser aliado de Renan Calheiros, impeça as investigações do envolvimento do peemedebista com a Mendes Júnior. Ele, contudo, garante que trabalhará com isenção: "Na quarta-feira vou chegar ao Conselho com uma opinião formada. O Conselho vai decidir o encaminhamento do caso. Garanto que vamos trabalhar com base no que diz a Constituição Federal e o regimento do Senado", disse. (Carol Ferrare)
Gabeira: afastamento de Renan “é necessário"
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) afirmou há pouco ao Congresso em Foco que defende o afastamento do presidente do S
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